Para compreender a você mesmo, assim como é, você precisa estar voluntariamente aberto, espontaneamente acessível a todas as suas próprias solicitações, a todos os impulsos do seu ego. E começando a compreender o fluxo, o movimento, a rapidez da sua própria mente, você verá como dessa compreensão nasce a confiança. Não é a confiança agressiva, brutal, assertiva, mas a confiança do saber o que se passa em nós mesmos. Sem essa confiança, certamente, não podemos dissipar a confusão; e sem dissiparmos a confusão que existe em nós e ao redor de nós, como poderemos achar a verdade relativa a qualquer relação?
Nessas condições, para descobrir o que é verdadeiro, ou qual a finalidade da vida, ou para achar a verdade relativa a reencarnação ou qualquer problema humano, aquele que investiga, que busca a verdade, que deseja conhecer a verdade, precisa estar absolutamente certo de suas intenções. Se estas consistem em procurar segurança, o conforto, então é bem evidente que ele não deseja a verdade; porque a verdade pode ser uma das coisas mais devastadoras e desconfortáveis. O homem que busca o conforto, não deseja a verdade: deseja apenas segurança, proteção, um refúgio onde não seja perturbado. Já o homem que busca a verdade, tem de abrir a porta às perturbações, às tribulações; porque só nos momentos de crise há o estado de alerta, há vigilância, ação. Só então aquilo que é pode ser descoberto e compreendido.
Krishnamurti - 18 de julho de 1948
Livro: Novo acesso à Vida