terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Libertando-se das Influências

Estamos cercados de influências por todos os lados, e estamos sendo influenciados. Quando abris um jornal, ledes um livro, escutais o rádio ou olhais a televisão, consciente ou inconscientemente estais sendo influenciado. Vossa educação é toda ela uma série de influências e diretrizes; e, com esse condicionamento, como podeis ver um fato como fato? Naturalmente, não podeis. Assim, deveis começar por compreender a influência.

Ora, é possível ficar-se livre de influência? Só podeis fazer esta pergunta, quando percebeis que estais sendo influenciado, e não antes disso. Provavelmente estais sendo influenciado por este orador. Se estais, neste caso não estais olhando o fato. Se, porque o orador tem uma certa reputação, aceitais o que ele diz, estais obviamente sendo influenciado. Esta é a natureza da propaganda — mas aqui não estamos fazendo propaganda. Ou vedes por vós mesmo o que é verdadeiro, ou não o vedes. Depende de vós. Não é minha intenção influenciar-vos; mas tudo na vida constitui influência. Vossa mulher e vossos filhos vos influenciam, assim como vós os influenciais. A influência pode ser consciente ou inconsciente. Se consciente, tendes alguma possibilidade de vos livrardes dela; isso é relativamente fácil. Se vossa mulher vos importuna, podeis conformar-vos com isso, ou fazer alguma coisa — sair para a rua, por exemplo. Mas, se estais sendo influenciado inconscientemente, se a influência é profunda e não tendes conhecimento dela, é muito mais difícil vos libertardes — e nosso problema é este. A influência assume mil formas. Há a influência da tradição, a influência de palavras, como “comunista”, “católico”, “protestante”, a influência do partido a que pertenceis, etc, etc.

Ora, é possível estarmos cônscios da torrente de influências que sobre nós se despeja continuamente? Tende a bondade, não digais imediatamente “sim” ou “não”, porque não sabeis. É possível isso? Por certo, para estardes livre de influências, deveis possuir um corpo altamente sensível, e também uma mente, um cérebro não embotado pela tradição, pela sociedade, pela Igreja, com suas crenças e dogmas. Todas estas influências, e muitas outras mais, estão embotando o cérebro. Para nos tornarmos cônscios dessas inúmeras influências, e compreendê-las, temos de libertar-nos do embotamento, da letargia que se apoderou da mente — e a maioria de nós não deseja tal coisa. Muitos de nós estamos confortavelmente instalados na vida. Somos católicos, protestantes comunistas — oh! Sabeis a quantas coisas estamos apegados: nossas nacionalidades, nossas divisões de classes, etc. etc. Instalamo-nos com agrado e conforto numa mente em estagnação. Só sabemos dizer “sim”; tudo aceitamos e nunca contestamos nada.

Assim, precisamos estar cônscios das numerosas influências, cônscios, simplesmente, nunca dizendo: “Sou a favor disto e contra aquilo”. Para estarmos cônscios, temos de observar. Uma pessoa pode tornar-se cônscia das influências que lhe são “despejadas” no inconsciente — completamente cônscia delas. Como outro dia verificamos, só quando o cérebro está quieto (nãoresistindo, não embotado, porém altamente sensível, muito alertado e vigilante) pode perceber todas as influências inconscientes e, assim, livrar-se delas. Pode-se então ver cada fato comofato — e isso não é muito difícil. Isto é, o indivíduo pode tornar-se cônscio de si próprio, com todas as tortuosidades da ambição. Qualquer pessoa pode observar em si mesma tudo isso, e observar todas as influências inconscientes. Vê-se, então, o fato como fato, a verdade no falso, e a verdade como verdade. Não há divisão, é um processo total.

Krishnamurti - 14 de julho de 1963 – SAANEN, Suíça
Do livro: Experimente um novo caminho - ICK

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