quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Insatisfação

Por que nunca estão satisfeitos os entes humanos? Não é porque estão em busca da felicidade e porque pensam que, pela constante variação, serão felizes? Passam de um emprego para outro, de um estado de relação para outro, de uma religião ou ideologia para outra, pensando que, com esse constante movimento de mudança, encontrarão a felicidade; ou ainda, procuram um canto isolado da vida, e aí se deixam estagnar. Ora, por certo, o contentamento é coisa muito diferente. Só se torna existente quando vocês vêem a si mesmo, tal como são, sem nenhum desejo de mudança, nenhuma condenação ou comparação - que não significa aceitar simplesmente o que se vê e se deitar a dormir. Mas, quando a mente já não está comparando, julgando, avaliando e é, portanto, capaz de ver o que é, de instante em instante, sem desejar alterá-lo - nesse próprio percebimento se encontra o Eterno.

Krishnamurti - A Cultura e o Problema Humano

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sobre a Mente descontaminada

Budas, foto por NJRO.

Quando a mente põe completamente de lado todo o conhecimento que adquiriu, quando para ela não existem Budas, Cristos, mestres, professores, religiões, citações, quando a mente estiver completamente só, não contaminada - o que significa que o movimento do conhecido cessou - só então haverá a possibilidade de uma tremenda revolução, de uma mudança fundamental. Tal mudança é obviamente necessária; e somente uns poucos, vocês ou eu ou X, que realizamos em nós mesmos esta revolução, somos capazes de criar um mundo novo. Não os idealistas, não os intelectuais, não as pessoas dotadas de grandes conhecimentos ou que estejam fazendo belas obras. Eles não são as pessoas indicadas - eles são todos reformadores. O homem religioso é aquele que não pertence a nenhuma religião, a nenhuma nação, a nenhuma raça, que dentro de si está completamente só, em estado de não-saber. E para ele se concretiza a graça das coisas sagradas.

Krishnamurti - Sobre Deus - Cultrix

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Lavagem cerebral cristã


Como cristãos vocês foram criados no seio de uma igreja erigida pelo homem há cerca de dois mil anos, com seus padres, seus dogmas e rituais. Na infância foram batizados e quando cresceram lhes foi dito em que acreditar; vocês passaram por todo esse processo de condicionamento, de lavagem cerebral. A pressão dessa religião propagandista é, obviamente, muito forte, sobretudo porque ela é bem organizada e apta a exercer influência psicológica através da educação, de adoração de imagens, do medo, e capaz de condicionar a mente de incontáveis maneiras.

Krishnamurti - Sobre Deus - Ed. Cultrix

domingo, 19 de dezembro de 2010

Unicidade

Unidade,  por NJRO.

Para mim, a verdade, essa integridade de que falo, acha-se em todas as coisas. Portanto, a idéia de que necessitais progredir em direção a realidade, é uma idéia falsa. Não se pôde progredir na direção de uma coisa que sempre está presente. Não se trata de avançar para o exterior ou de voltar-se para o interior, mas sim de se libertar dessa consciência que se percebe a si mesma como separada. Quando houverdes realizado tal integridade, vereis que tal realidade não têm ela futuro nem passado; e todos os problemas relacionados com tais coisas desaparecem inteiramente. Uma vez que o homem realize isso, vem-lhe a tranqüilidade, não a da estagnação, porém a da criação, a do ser eterno. Para mim a realização desta verdade é a finalidade do homem.

Autor: KRISHNAMURTI - Senhor do Dia de Amanhã

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ajustamento

Ajustamento, foto por NJRO.

Atualmente, não sois indivíduos, e sim meras máquinas de imitar, produto de um certo meio cultural, um certo sistema educativo. Sois o corpo coletivo, não sois indivíduo, sendo isto muito óbvio. Todos sois hinduístas ou cristãos, isto ou aquilo, com certos dogmas, crenças, o que significa que sois produto da massa. Por conseguinte, não sois indivíduos. Precisais estar totalmente descontentes, para poderdes descobrir. Mas a sociedade não deseja ver vos descontentes, porque teríeis então vitalidade, começaríeis a inquirir, a investigar, a descobrir e, conseqüentemente, vos tornaríeis perigosos para ela.

Autor: Krishnamurti - Da solidão à Plenitude Humana - ICK

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Você é o outro

ferias65

Pergunta: Quero ajudar as pessoas, servi-las. Qual é o melhor jeito?

Krishnamurti: A melhor forma é começar a entender você mesmo e mudar a si próprio. Neste desejo de ajudar alguém, de servir outra pessoa, há um orgulho, uma vaidade escondida. Se você ama, você serve. O clamor de ajudar nasce da vaidade.

Se você quer ajudar outra pessoa, você tem que conhecer a si mesmo, pois você é o outro. Externamente podemos ser diferentes - amarelo, preto, marrom, ou branco - mas somos todos impulsionados pela ansiedade, pelo medo, pela inveja, ou por ambição; interiormente somos bem parecidos. Sem autoconhecimento, como você pode ter conhecimento das necessidades do outro? Sem entender a si mesmo, você não pode entender outra pessoa, servir outra pessoa. Sem autoconhecimento você está agindo na ignorância, e assim criando conflito.

Vamos examinar isso. A industrialização está se espalhando rapidamente por todo o mundo, impelida pela avidez e pela guerra. A industrialização pode dar emprego, alimentar mais pessoas, mas qual é o resultado mais amplo? O que acontece às pesssoas altamente desenvolvidas tecnologicamente? Elas serão mais ricas, vai haver mais carros, mais aviões, mais dispositivos eletrônicos, mais apresentação de cinemas, casas maiores e melhores; mas o que acontece às pessoas como seres humanos? Eles se tornam mais e mais rudes, mais e mais mecânicos, cada vez menos criativos. A violência deve se espalhar e o Estado então é a organização da violência. A industrialização pode trazer melhores condições econômicas, mas com os resultados horrorosos: favelas, antagonismos do trabalhador contra o não-trabalhador; o patrão e o escravo, o capitalismo e o comunismo, todo o caótico negócio que tem se espalhado nas diferentes partes do mundo. Dizemos com satisfação que isso irá subir o nível de vida, que a pobreza será erradicada, haverá trabalho, haverá liberdade, dignidade, etc. A divisão entre o rico e o pobre, entre o homem de poder e o que busca o poder - esta divisão e conflito sem fim irá continuar. Qual é o fim disso? O que aconteceu no Ocidente? Guerras, revoluções, ameaça contínua de destruição, desespero total. Quem está levando ajuda para quem e quem está servindo quem? Quando tudo à sua volta está sendo destruído, a pessoa atenta deve investigar as causas mais profunfas, o que tão poucos parecem fazer. Um homem que foi desalojado de sua casa pela explosão de uma bomba, deve invejar o homem primitivo. Você certamente está trazendo civilização para os que são chamados de excluídos, mas a que preço! Você pode estar servindo, mas considere o que vem neste rastro. Mas poucos se dão conta das causas profundas do desastre.

(K - Collected Works, vol III, pgs 218/219)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Conformose


Corporação, foto por NJRO.

Ansiamos a segurança e esse anseio é um obstáculo à nossa libertação pelo conhecimento da Verdade. Cada um de nós deseja submeter-se a algum padrão; porque a submissão é mais fácil do que a vigilância. A submissão a padrões representa a base de nossa existência social, pois temos medo de estar sós. O temor e a renúncia a pensar acarretam a aceitação e a submissão, a aceitação de autoridade. Tal como acontece com o indivíduo assim também acontece com o grupo, com a nação.

Autor: Krishnamurti - O Egoísmo e o problema da paz - ICK

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