terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Por que me odeio quando não estudo?

Pergunta feita à Krishnamurti por um estudante adolescente.

Escutai a pergunta. Por que tenho ódio de mim mesmo, quando não estudo, como querem que eu faça? Por que tenho ódio a mim mesmo quando não sou gentil, como deveria ser? Por outras palavras, por que não vivo de acordo com meus ideais?

Ora, não seria muita mais simples não ter ideais de espécie alguma? Se não tivésseis ideais, haveria razão para odiardes a vós mesmos? Assim, por que dizeis: "Devo ser bondoso, devo ser generoso, devo prestar atenção, estudar?" Se puderdes descobrir a razão e libertar-vos dos ideais, então, talvez, atuareis de maneira toda diferente.

Mas, por que tendes ideais? Em primeiro lugar, porque sempre vos disseram que se não tiverdes ideais sereis um ente desprezível. A sociedade, quer do padrão comunista, quer capitalista, diz: "O ideal é este" - e vós aceitais e procurais viver em conformidade com ele, não é verdade? Pois bem, antes de tentardes viver segundo um ideal qualquer, não deveis verificar porque é necessário ter ideais? Por certo, isso teria muito mais sentido. Tendes o ideal de Rama e Sita, e tantos ideais que a sociedade vos transmitiu ou que vós mesmos inventastes. Sabeis porque os tendes? Porque tendes medo de ser o que sois.

Sejamos simples; não compliquemos as coisas. Vós tendes medo de ser o que sois, e isso significa que não tendes confiança em vós mesmo. Por isso é que procurais ser o que a sociedade, o que vossos pais e vossa religião preceituam.

Ora, porque tendes medo de ser o que sois? Porque não começais com o que sois, e não com o que deveríeis ser? Se não compreendeis o que sois e tratais apenas de mudá-lo no que pensais que deveríeis ser, isso não tem significação nenhuma. Portanto, fora com os ideais! Seis que os mais velhos não gostarão disto, mas não importa. Jogai fora todos os ideais, afundai-os no rio, lançai-os no cesto de papéis, para começardes com o que sois - e isto é o que?

Sois preguiçosos, não quereis estudar, quereis diversão, como todo adolescente. Começai com isso. "Usai" a vossa mente para examinardes o que entendeis quando falais em "passar o tempo agradavelmente" - averiguai o que isso realmente implica, não vos deixeis levar pelo que dizem vossos pais ou vossos ideais. "Usai" vossa mente para descobrirdes o que desejais fazer na vida - o que vós desejais fazer, não o que a sociedade ou um certo ideal vos manda fazer . Se aplicardes todo o vosso ser a esta investigação, sereis um verdadeiro revolucionário; tereis então confiança para criar, para serdes o que sois, e, nisso, há uma vitalidade sempre renovada. Mas, pela outra maneira, estais dissipando vossa energia no esforço para serdes semelhante a um outro.

Não vedes como é estranho o terdes tanto medo de serdes o que sois; pois a beleza está serdes o que sois. Se vedes que sois preguiçosos, que sois estúpido, e se compreendeis a preguiça e olhais de frente a estupidez, sem procurar mudá-la noutra coisa, então, nesse estado, encontrareis extraordinária liberdade, grande beleza, vasta inteligência.

Krishnamurti
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