terça-feira, 31 de julho de 2012

Conhecimento, Especialização, Excesso Prejudicial

Por que vivemos acumulando conhecimentos? Fazemo-lo para alcançar a segurança, que aliás é essencial em certo aspecto de nossa existência. Pensam alguns que o conhecimento é meio de descobrimento. (…) O conhecimento não impede o descobrimento? Como pode a mente descobrir coisas novas, se, na sua totalidade, ela está preparada para juntar conhecimentos, saber? (…) A mente que possui conhecimentos, (…) saber, deve ficar livre deles, para poder descobrir; (…) (Debates sobre Educação, pág. 227)

Pergunta: Qual a diferença entre a acumulação da memória técnica ou dos afazeres do dia-a-dia, e a acumulação da memória emocional?

Krishnamurti: Isso é muito simples, senhor. Por que o cérebro, como depósito da memória, dá tanta importância ao conhecimento - tecnológico, psicológico e relacionados? Por que o ser humano tem dado tão extraordinária importância ao conhecimento? Possuo um escritório, torno-me um importante burocrata, o que significa que tenho conhecimento de como realizar certas funções, e me torno pomposo, estúpido, grosseiro. (Exploration into Insight, pág. 53)

Pergunta: É isso um desejo inato?

Krishnamurti: Isso dá segurança, obviamente. Dá status. O ser humano adora o conhecimento identificado com o intelecto. O erudito, o estudioso, o filósofo, o inventor, o cientista, estão todos apegados ao conhecimento e têm criado coisas maravilhosas no mundo, como ir à Lua, construir novos tipos de submarinos, etc. Têm inventado as mais extraordinárias e admiráveis coisas, sendo irresistível a maravilha desse conhecimento, e nós o aceitamos. (…) (Idem, pág. 53)

(…) Portanto, tem-se desenvolvido uma desordenada admiração, quase chegando à veneração, do intelecto. Isso se aplica a todos os livros sagrados e sua interpretação. (…) Precisamos, pois, descobrir uma harmonia natural em que o intelecto atue com perfeita lucidez, em que emoções e afeições, cuidado, amor e compaixão funcionem saudavelmente, e o corpo, que tem sido tão despojado, (…) mal usado, volte a sua condição própria. Como você consegue isso? (Idem, pág. 53-54)

Pergunta: Como se pode fazer a distinção entre o conhecimento e a descoberta do novo?

Krishnamurti: É claro, senhor. Quando o conhecimento interfere, não há descoberta do novo. Deve haver um intervalo entre o conhecimento e o novo; do contrário você está apenas considerando como novo o velho. (…) Por que há divisão entre a mente, o coração e o corpo? Vê-se isso. Como pode essa divisão chegar a um fim naturalmente? Como você faz isso - através de esforço, (…) dos ideais que temos sobre harmonia? (Idem, pág. 54)

Krishnamurti: Perguntávamos ontem por que o conhecimento se tem tornado tão importante como meio de iluminação. Aparentemente, todos os mestres religiosos têm insistido sobre o conhecimento, não só no Oriente senão também no Ocidente. E como a tradição é tão forte neste país, resulta realmente importante descobrir que papel representa todo esse pensar sistematizado na consecução da iluminação. (…) (Tradición y Revolución, pág. 143)

Quando se tem desenvolvido destreza em algo, isso confere certo sentimento de bem-estar, de segurança. E tal destreza, nascida do conhecimento, tem que se tornar invariavelmente mecânica em sua ação. Destreza na ação é o que se tem buscado, porque ela nos dá certa posição na sociedade, certo prestígio. Vivendo nesse campo todo o tempo, (…) tal conhecimento e destreza se tornam não só aditivos, senão que terminam por constituir um processo mecânico e reiterativo que, pouco a pouco, adquire seus próprios incentivos, sua própria arrogância e poder. Nesse poder encontramos segurança. (La Totalidad de la Vida, pág. 214)

Atualmente, a sociedade exige de nós mais e mais destreza - quer seja o indivíduo um engenheiro, um tecnólogo, um cientista, um psicoterapeuta, etc. - porém existe um grande perigo em buscar essa destreza que provém dos conhecimentos acumulados, porque nesse crescimento não há claridade. Quando a destreza se torna sumamente importante na vida, não só por ser o meio de ganhar a subsistência, senão porque o indivíduo é educado totalmente para esse propósito (…), então a destreza produz invariavelmente certo sentimento de poder, de arrogância e vaidade. (Idem, pág. 214)

O orgulho, a arrogância e a inveja decorrentes da eficiência em determinada função, nos levam à competição, à desordem, à discórdia e à infelicidade. A plena compreensão da vida traz um novo significado à atividade humana. Reduzir a vida ao nível estreito e fragmentado da luta pelo pão, pelos prazeres do sexo, da riqueza, da ambição, é fomentar desespero e interminável sofrimento. O cérebro opera na área especializada do fragmento, nas atividades egocêntricas, dentro do estreito limite do tempo. Por ser um fragmento, é incapaz de ver o todo da vida. Por mais hábil e refinado que seja, o cérebro desenvolve uma ação limitada, parcial. É a mente que contém o cérebro e não o contrário, e só ela poderá compreender o todo. (Diário de Krishnamurti, pág. 102-103)

Tecnologicamente, os cientistas têm ajudado a reduzir as enfermidades, a melhorar os meios de comunicação, porém também têm incrementado o poder devastador das armas bélicas - o poder de assassinar de uma só vez um número imenso de pessoas. Os homens de ciência não vão salvar a humanidade; nem o farão os políticos. (…) Os políticos buscam poder, posição e empregam todos os estratagemas (…). E exatamente o mesmo ocorre no chamado mundo religioso - a autoridade hierárquica, (…) em nome de alguma imagem criada pelo pensamento. (La Llama de la Atención, pág. 100-101)

A quem chamamos cientistas? Aos que trabalham em laboratórios e que, fora de tal atividade, são seres humanos como nós, com preconceitos (…), com igual cupidez, ambição e crueldade. Salvarão eles o mundo? Estão salvando o mundo? Não se estão utilizando do conhecimento técnico mais para destruir do que para curar? Em seus laboratórios podem estar buscando conhecimento e compreensão, mas não o fazem movidos pelo “eu”, pelo espírito de competição, pelas paixões (…)? (Autoconhecimento, Correto Pensar - Felicidade, pág. 166)

(…) Atuando como cientista, artista, padre, advogado, técnico ou fazendeiro, o cérebro é essencialmente produto da especialização. Incapaz de transcender os próprios limites, de sua atividade emanam o status social, os privilégios, o poder e o prestígio, que ele, o cérebro, cria para proteger-se. Incapaz de ver o todo, a mente especializada, com seu desejo de fama e poder, é a origem de todo conflito social. (Diário de Krishnamurti, pág. 102)

O especialista é incapaz de conceber o todo; vive para a sua especialidade, ocupação mesquinha do cérebro condicionado para ser religioso ou técnico. O talento e a aptidão do homem tendem a fortalecer o egocentrismo e sua ação é sempre fragmentada e conflitante. A capacidade humana só tem significado quando a mente atinge a compreensão global da vida. Caso contrário, a eficiência, um dos subprodutos da aptidão individual, torna seu portador implacável e indiferente à totalidade da vida (…) (Idem, pág. 102)

(…) O cientista utiliza o seu saber para alimentar a vaidade, assim também o professor, (…) os pais, (…) os gurus - todos querem ser alguém no mundo. (…) Que sabem eles? Só sabem o que está nos livros (…) ou o que experimentaram, sendo que suas experiências dependem do seu fundo de condicionamento. Os mais de nós, pois, estamos cheios de palavras, de conhecimentos, a que damos o nome de saber; e sem esse saber vemo-nos perdidos. O que existe, pois, é o temor, oculto logo atrás da cortina das palavras e dos conhecimentos; (…). (Novos Roteiros em Educação, pág. 114)

Assim, onde há temor, não há amor; e o saber sem o amor é destrutivo. É o que está acontecendo no mundo, atualmente. Por exemplo, sabe-se como é possível alimentar todos os seres humanos do mundo, mas não se começa a pôr isso em prática. (…) Se se desejasse realmente pôr fim à guerra, haveria possibilidade de fazê-lo, mas nada se faz, pelas mesmas razões. Assim, pois, o saber sem o amor não tem significação alguma. (…) (Idem, pág. 114)

Os problemas que se apresentam a cada um de nós e, portanto, ao mundo, não podem ser resolvidos pelos políticos nem pelos especialistas. Esses problemas não resultam de causas superficiais, (…). Os especialistas podem oferecer-nos planos de ação cuidadosamente elaborados, mas não são as ações planejadas que irão trazer-nos a salvação, mas tão somente a compreensão do processo total do homem, isto é, de vós mesmos. Os especialistas só têm capacidade para tratar de problemas num nível exclusivo, com o que aumentam os nossos conflitos e a nossa confusão. (O Caminho da Vida, pág. 25)

(…) Ora, para vos tornardes alguma coisa, precisais especializar-vos, (…) e tudo que se especializa logo morre, declina, porque a especialização implica sempre falta de adaptabilidade. Só o que é capaz de adaptação, de flexibilidade, pode subsistir. (…) (A Arte da Libertação, pág. 134)

(…) Está visto, pois, que a especialização é prejudicial à compreensão do processo do “eu”, que é autoconhecimento, uma vez que a especialização não permite a pronta adaptabilidade; e tudo o que se especializa não tarda a morrer, a definhar. (Idem, pág. 135)

Assim, para se compreender a si mesmo, o indivíduo precisa de extraordinária flexibilidade, e essa flexibilidade lhe é negada, se ele se especializa - na devoção, na ação, no saber. (…) (Idem, pág. 135)

Ora, será que a compreensão de nós mesmos requer especialização? O especialista conhece só a sua especialidade (…). Mas o conhecimento de nós mesmos requer especialização? Acho que não, pelo contrário. A especialização implica a restrição do processo total de nosso ser (…). Uma vez que precisamos compreender a nós mesmos como processo total, não podemos especializar-nos. Porque especialização significa exclusão (…). (Solução para os nossos Conflitos, pág. 74)

Pois bem (…) Atribuímos importância à feitura do instrumento, e esperamos, assim, por meio do instrumento, conhecer a vida; eis a razão por que a educação moderna é um verdadeiro fracasso; porque só tendes técnica, (…) cientistas maravilhosos, portentosos físicos, matemáticos, construtores de pontes, conquistadores do espaço - e daí? Estais vivendo? Somente como especialistas; mas, pode um especialista conhecer a vida? Só deixando de ser especialista. (O Que te fará Feliz?, pág. 63)

Requer então a inteligência especialização, a inteligência que é a percepção integral do nosso processo? E pode essa inteligência ser cultivada mediante qualquer forma de especialização? Pois é isso que está acontecendo (…). O sacerdote, o médico, o engenheiro, o industrial, o homem de negócios, o professor - temos a mentalidade da especialização. E julgamos que, para alcançar a forma suprema da inteligência - que é a verdade, (…) Deus, que não se pode descrever - julgamos que para alcançá-la precisamos tornar-nos especialistas. (…) (El Despertar de la Inteligencia, pág. 77)

(…) Você não pode dividir a vida em vida tecnológica e vida não tecnológica. É o que vocês têm feito, e é por isso que levam uma dupla vida. Então nos perguntamos: “É possível viver tão plenamente que a parte esteja incluída no todo? (…) Atualmente levamos uma dupla vida; (…). É assim que vocês dividem a vida e, portanto, ela é um conflito entre as partes. E nós nos referimos a algo por completo diferente, a um modo de viver no qual não haja divisão nenhuma. (…) (Idem, pág. 79)

Vede, em primeiro lugar, como a mente acumula saber e por que o faz; vede onde o saber é necessário, e onde ele se torna um empecilho à liberdade. É óbvio que, para fazermos qualquer coisa - conduzir um carro, falar uma língua, executar um trabalho técnico - precisamos do saber. Precisamos de grande abundância de saber; quanto mais eficaz, (…) mais objetivo, (…) mais impessoal, melhor; mas nós nos estamos referindo àquele saber que condiciona psicologicamente. (Fora da Violência, pág. 133)

O “observador” é o reservatório do saber. O “observador”, por conseguinte, pertence ao passado, ele é o censor, a entidade que julga com base no saber acumulado. O mesmo ele faz com respeito a si próprio. Tendo adquirido dos psicólogos conhecimentos sobre o “eu”, acredita o observador que conhece a si próprio. Ele se olha com esses conhecimentos e, por conseguinte, não se olha com olhos novos. (…) (Idem, pág. 133)

É possível libertar a mente do passado, por inteiro, e, se o é, como poderemos esvaziá-la? Em certos setores, o conhecimento trazido do passado é essencial. (…) Não podemos esquecer, pôr à margem, todos os conhecimentos técnicos que o homem adquiriu através de séculos; mas eu estou falando a respeito da psique, que tem acumulado tantos conceitos, idéias e experiências e se acha aprisionada nessa consciência que tem por centro o observador. (A Importância da Transformação, pág. 14)

Cabe-nos descobrir por nós mesmos (…). O conhecimento, com efeito, tem muita importância e significação. Se desejais ir à Lua, necessitais de extraordinários conhecimentos tecnológicos; (…). Mas, esse próprio saber se torna sério empecilho quando queremos descobrir uma maneira de viver totalmente harmoniosa (…). O saber é o passado, e, se vivemos de acordo com o passado, então, é óbvio, surge uma contradição: o passado em conflito com o presente. (…) (O Novo Ente Humano, pág. 24)

Agora, ao perceberdes que o pensamento perpetua o prazer e o medo (…) - qual o estado de vossa mente ao perceberdes essa verdade? E qual o estado da mente que sabe quando o pensamento é necessário, quando deve ser empregado, logicamente, objetivamente, equilibradamente, e sabe também que o pensamento, que é reação do conhecimento, ou seja, do passado, se torna um obstáculo a uma maneira de viver isenta de contradição? (…) (Idem, pág. 27)

Há, pois, uma ação que vem quando a mente está vazia de todo movimento de pensamento, exceto aquele movimento que é necessário quando o pensamento deve funcionar. A mente é então capaz de dar atenção aos fatos da vida diária. Mas, é ela capaz de funcionar dessa maneira se sois muçulmano, budista, hinduísta, e estais condicionado por esse fundo? Não o é, evidentemente. (…) Porque, se a psique não for transformada, continuareis a fazer, exteriormente, as mesmas coisas - modificadas, talvez, mas sempre segundo o velho padrão. (Idem, pág. 27)

Que lugar tem o conhecimento na transformação do homem? (…) O conhecimento é necessário na vida diária, quando vamos ao trabalho, (…) exercemos diversas habilidades, etc.; é necessário no mundo tecnológico, (…) científico. Porém, na transformação da psique, do que somos, tem o conhecimento algum lugar? (La Llama de la Atención, pág. 80)

(…) Perguntamo-nos se esse conhecimento psicológico pode alguma vez transformar radicalmente o homem, para convertê-lo em um ser humano totalmente descondicionado. Porque se há qualquer forma de condicionamento no psíquico, no interno, é impossível encontrar a verdade. A verdade é uma terra sem caminhos, e chega a nós quando nos livramos de todos os condicionamentos. (Idem, pág. 81)

Ora, o conhecimento é evidentemente essencial, pois, do contrário, não poderíamos funcionar de maneira nenhuma. (…) Mas o conhecimento impede também a clareza de percepção. O que quer que sejais, cientista, músico, artista, escritor – é só nos intervalos em que vossa mente está livre de seus conhecimentos, que há movimento criador. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 177)

A criação, pois, é algo que, não estando sujeito às limitações da mente ordinária, não é continuo. (…) Mas uma mente que seja capaz de ficar silenciosa conhecerá aquele estado que é eternamente criador; e essa é a função da mente (…). A função da mente não consiste apenas em sua parte mecânica, (…) de coordenar as coisas, (…) de destruir e tornar a coordenar. Tudo isso constitui a nossa mente ordinária, a mente comum, que recebe sugestões (…) do inconsciente, mas (…) na rede do tempo. (…) (Poder e Realização, pág. 85)

(…) Essa mente é produto da técnica; e quanto mais se cultivar a técnica, o “como”, o método, o sistema, tanto menos se conhecerá “a outra coisa”, o estado criador. Entretanto, temos necessidade da técnica (…). Mas quando essa mente mecânica, a mente que está ligada à memória, à experiência, ao conhecimento, quando essa mente existe só e funciona sozinha, sem a outra parte, é óbvio que ela só pode conduzir à destruição. (…) (Idem, pág. 85-86)

(…) A técnica pode trazer-nos essa liberdade em que está ausente o “eu”? Só quando o “eu” está ausente, há o poder de criar; a técnica, pelo contrário, dá apenas mais força ao “eu”, ou o distrai, modificando-o ou expandindo-o – e isso por certo não nos dá o poder criador. (Por que não te Satisfaz a Vida, pág. 131)

O saber é uma outra forma de propriedade, e o homem que possui saber está satisfeito com ele; para ele, o saber é um fim em si. Tem ele a convicção (…) de que o saber resolverá (…) os problemas (…). É muito mais difícil, para o homem de saber, livrar-se de suas posses, do que para o homem de dinheiro. É extraordinária a facilidade com que o saber toma o lugar da compreensão e da sabedoria. (…) (Comentários sobre o Viver, 1ª ed., pág. 227-228)

O aumento da prosperidade e dos conhecimentos científicos, no mundo, não trará felicidade maior. Poderá atender, em maior escala, às nossas necessidades físicas (…). Poderá proporcionar mais confortos e comodidades – mais banheiros, melhores roupas, mais geladeiras, (…) carros. Mas essas coisas não resolvem nossos problemas fundamentais, que são muito mais profundos e prementes, e estão dentro de nós. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 111)

Pergunta: Do que dizeis, concluo claramente que a cultura e o saber são empecilhos. Empecilhos a quê?

Krishnamurti: É óbvio que o saber e a cultura constituem um empecilho à compreensão do novo, do atemporal, do eterno. O desenvolvimento de uma técnica perfeita não vos torna criador. Podeis saber pintar maravilhosamente, possuir a técnica, mas podeis não ser um pintor criador. Podeis saber escrever poemas tecnicamente perfeitíssimos, mas podeis, no entanto, não ser poeta. Ser poeta implica (…) a capacidade de receber o novo, sensibilidade para reagir às coisas novas. (…) (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 151)

Como mecânico, cientista, engenheiro, etc., necessitais da continuidade da memória, pois do contrário não podereis exercer vossas funções. Mas a continuidade do pensamento como feixe de lembranças relativas ao “eu” e ao “meu”, e as reações desse pensamento condicionado, tudo isso é tempo psicológico, medo. (…) Assim, para que o medo termine, é necessário que o pensamento termine. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 24)

(…) A humildade é importante, porque a mente sem humildade não pode aprender. Poderá acumular conhecimentos, reunir mais e mais informações, mas (…) são coisas superficiais. Não sei por que tanto nos orgulhamos do nosso saber. Tudo se encontra em qualquer enciclopédia, e é tolice acumular conhecimentos para satisfação do orgulho e da arrogância pessoal. (Idem, 1ª ed., pág. 213)

(…) A mente que está abarrotada de fatos, de conhecimentos, será capaz de receber qualquer coisa nova, inesperada, espontânea? Se a vossa mente está repleta do conhecido, haverá espaço para receber alguma coisa procedente do desconhecido? Não há dúvida de que o saber se refere sempre ao conhecido e com o conhecido tentamos compreender o desconhecido, essa coisa que ultrapassa todas as medidas. (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 151)

(…) O que é eterno não pode ser procurado; (…). Ele se apresenta quando a mente está tranqüila; e a mente só pode estar tranqüila quando é simples, quando já não está armazenando, condenando, julgando, pensando. Apenas a mente simples pode compreender o Real, e não a mente repleta de palavras, de conhecimentos, de ilustração. A mente que analisa, que calcula, não é uma mente simples. (Percepção Criadora, pág. 106-107)

Seleta de Krishnamurti 

Admitindo a impotência perante o fluxo do pensamento condicionado

O pensamento não irá resolver os nossos problemas, porque eles foram criados pela atividade do pensamento. E o nosso principal problema é produzir uma mudança fundamental, radical, revolucionária, psicológica. (1)
* * *
Todos os chamados livros sagrados são produtos do pensamento. Eles podem ser venerados como uma revelação, mas eles são essencialmente pensamento. (2)
* * *
Qualquer ação nascida do pensamento limitado deve inevitavelmente provocar conflito. (3)
* * *
Todos os problemas que a humanidade hoje enfrenta, tanto psicologicamente, como nas outras esferas, são o resultado do pensamento. E nós estamos alimentando o mesmo padrão de pensamento, e o pensamento nunca solucionará nenhum desses problemas. Há contudo um outro tipo de instumento que é a inteligência. (4)
* * *
O pensamento, sem dúvida nenhuma, é a reação daquilo que vocês sabem. O conhecimento reage, e damos a isso o nome de pensamento. Se ficarem alertas, conscientes do seu próprio processo de pensamento, vocês vão se dar conta de que o que quer que pensem já moldou a mente; e uma mente moldada pelo pensamento deixou de ser livre, e por isso não é uma mente individual. (5)
* * *
O pensamento é tão astuto, tão esperto, que deturpa tudo para sua própria conveniência. O pensamento em sua exigência de prazer cria seu próprio cativeiro. O pensamento é o criador de dualidade em todas as nossas relações: existe em nós a violência que nos dá prazer, mas há também o desejo de paz, o desejo de ser gentil e pacífico. Isto é o que acontece todo o tempo em todo nosso viver. O pensamento não só cria esta dualidade em nós, esta contradição, mas também acumula nas inumeráveis memórias tudo que nós tivemos de prazer e dor, e destas memórias ele renasce". (6)
* * *
Para fazer cessar o pensamento é indispensável entender inicialmente o mecanismo do pensar. Preciso, até o mais profundo do meu ser, compreender o pensamento como um todo. Preciso examinar cada pensamento; eu não posso deixar que algum deles escape sem ser plenamente compreendido; desse modo, o cérebro, a mente, todo o ser ficarão bastante atentos. E quando então eu perseguir todo e qualquer pensamento até o fim, até a extremidade de sua raiz, desse momento em diante, verei que o pensamento cessa por si mesmo. Não preciso fazer nada a respeito porque o pensamento é memória. A memória é a marca deixada pela experiência e, enquanto a memória não for compreendida de forma plena e total, continuará a deixar marcas. A partir do momento em que eu tiver vivenciado completamente a experiência, esta não deixará marcas. Desse modo, se examinarmos cada pensamento e descobrirmos onde se situa a marca, e se permanecermos com essa marca, aceitando-a como um fato, esse fato irá desnudar-se e fará cessar esse processo particular de pensar, de maneira que cada pensamento, cada sentimento será compreendido. Então o cérebro e a mente se libertarão de um acúmulo enorme de recordações. Isso requer tremenda atenção, atenção não apenas para as árvores e os pássaros, mas atenção interior, para cuidar que cada pensamento seja compreendido. (7) 
* * *
O pensamento é limitado porque o conhecimento é limitado, e qualquer que seja a atuação do pensamento, o que quer que ele crie, tem de ser limitado. Nossa mente e nosso coração precisam ser claros para saber o que é uma mente religiosa. Para descobrirmos a mente religiosa temos de negar todo e qualquer ritual e símbolos inventados pelo pensamento. Só negando aquilo que é falso encontraremos o que é verdadeiro. Você nega todos os métodos de meditação porque, no íntimo, sabe que eles foram inventados pelo pensamento. Foram apenas reunidos pelo homem. Como nossa vida é frágil e incerta, desejamos alguma satisfação mais profunda, um pouco de amor, algo estável, permanente e duradouro. Desejamos algo mais firme, imutável, e achamos que poderemos obtê-lo se fizermos certas coisas. Essas coisas são inventadas pelo pensamento e, sendo ele por si só contraditório, qualquer tipo de estrutura reunido na meditação não é meditação. Isso significa total negação de tudo o que o homem criou psicologicamente. Não me refiro à tecnologia, que não pode ser negada, mas à rejeição a todas as coisas que o homem inventou ou escreveu sobre a busca da verdade. Para fugirmos do cansaço, da tristeza e dos tormentos caímos nessa armadilha. Portanto, temos de rejeitar completamente todas as nossas atitudes mentais, os exercícios respiratórios, toda a atividade do pensamento. (8)
* * *
Se você achar difícil estar atento, então experimente escrever todo pensamento e sentimento que surge ao longo do dia, anote suas reações de ciúme, inveja, vaidade, sensualidade, as intenções atrás de suas palavras, e assim por diante. Reserve algum tempo antes do café para escrever isto – o que pode exigir sair mais cedo da cama e abandonar alguma atividade social. Se você anota estas coisas sempre que pode, e à noite antes de adormecer olha tudo que escreveu durante o dia, estuda e examina isto sem julgamento, sem condenação, você começará a descobrir as causas ocultas de seus pensamentos e sentimentos, desejos e palavras... Agora, o importante nisto é estudar com a inteligência livre tudo que você escreveu, e estudando isto você se dará conta de seu próprio estado. Na chama da autoconsciência, do autoconhecimento, as causas do conflito são expostas e consumidas. Você deveria continuar a escrever seus pensamentos e percepções, intenções e reações, não uma vez ou outra, mas por um número considerável de dias até que você possa estar imediatamente atento a eles... Meditação não é só autoconsciência constante, mas abandono constante do ego. Além do pensamento de comum conhecido, existe a meditação, da qual provém a tranqüilidade da sabedoria, e na serenidade a algo maior acontece. Ao escrever o que a pessoa pensa e sente, os seus desejos e suas reações, propicia a consciência interior, a cooperação do inconsciente com o consciente, e isto por sua vez conduz em troca à integração e à compreensão. (9)
* * *
Autoconhecimento não significa conhecer-se, mas conhecer a atividade do pensamento. Porque o eu é pensamento, a idéia. Portanto, observe cada movimento do pensamento, não deixando nunca que um pensamento passe sem se certificar do que ele é. Tente. Faça isso e você verá o que acontece. Isso revigora o cérebro. Veja: o pensamento é medo, o pensamento é prazer, o pensamento é tristeza. E o pensamento não é amor. O pensamento não é compaixão. (10)
* * *
O autoconhecimento brota quando você observa e compreende todos os seus sentimentos e pensamentos, momento por momento, dia a dia. A totalidade dessa compreensão resolverá os problemas da vida. (11)
* * *
O autoconhecimento não é um processo de continuidade do pensamento, mas de redução, de cessação do pensamento... O pensamento só pode terminar quando você conhecer o conteúdo total da pessoa que pensa; e assim começamos a ver como é importante ter autoconhecimento. A maioria de nós se contenta com o autoconhecimento superficial, com arranhar a superfície, com o bê-a-bá da psicologia. Não adianta ler alguns livros de psicologia, arranhar um pouco a superfície e dizer que sabe. Isso é mera aplicação à mente daquilo que se aprendeu... Uma mente que acumula não pode aprender. (12)
* * *
Nunca investigamos a profundidade mesma do pensamento: e porque nunca o questionamos, ele assumiu a predominância. Ele é o tirano da nossa vida e os tiranos raramente são desafiados. (13)
 * * *
Permanecemos presos nas rotinas do embotamento, porque pensar com muita seriedade significa estar descontente, o que é muito doloroso; e a maioria de nós não deseja atrair tristezas. Desejamos fugir da tristeza, e por isso toda a nossa estrutura de pensamento é confusão, distração... Ser sensível significa dor; mas precisamos ser dolorosamente sensíveis, para compreender. Entretanto, procuramos manter-nos do lado de fora da dor, e, evitando-a, reduzimo-nos a simples máquinas de imitação. (14)
 * * *
Meditação é o perceber total de cada movimento do pensamento, e jamais negação dele; quer dizer, é deixar cada pensamento "florescer" livremente: pois só em liberdade pode o pensamento "florescer" e terminar. Assim, com esse trabalho (se isso se pode chamar "trabalho") ou, melhor, com essa observação, a mente tudo compreende. Está então quieta, sabe o que realmente significa "estar quieta", estar verdadeiramente tranqüila. E, nessa tranqüilidade, existem várias outras formas de movimento que, para quem nunca refletiu a esse respeito, só verbalmente se podem descrever. (15)
 * * *
A menos que a mente descubra a fonte do pensamento, ver-se-á sempre de novo enredada num sistema de vida que levará finalmente ao conflito, uma maneira de vida que é violência. Aquela fonte precisa ser descoberta. Enquanto existir observador e coisa observada, haverá contradição, distância, intervalo de tempo, separação entre ambos, e o pensamento tem de existir... Enquanto houver observador e coisa observada, e, entre ambos, intervalo de tempo, distância, espaço - essa separação dará origem ao pensamento. Só quando o observador é o objeto observado, e não há observador nenhum, não há pensar. (16)
* * *
Se você observar a sua própria mente, verá o quanto é difícil estar livre de conclusões. Afinal, o que você sabe é uma série de conclusões, constituída daquilo que lhe foi ensinado, do que você aprendeu dos livros ou do que achou em suas próprias reações - e sobre tal base começa a pensar, a levantar o edifício do pensamento! Mas, sem dúvida, a mente que deseja descobrir o que é a Verdade ou Deus, deve começar sem nenhum pressuposto, nenhuma conclusão, quer dizer, livre para investigar. E se você observar sua própria mente, verá que não é livre. Está cheia de conclusões, pejada de conhecimentos, provindo de muitos milhares de dias passados; ela pensa segundo o Gita, segundo a Bíblia ou o Alcorão, ou um certo instrutor, e começa com o pressuposto de que o que dizem é a Verdade. Mas, se ela já sabe o que é a Verdade, é claro que não tem necessidade de procurar a Verdade. (17)
 * * *
Infelizmente, para a maioria de nós, o pensamento se tornou demasiado importante. Dizeis: "Como posso existir, ser, sem pensar?" "Como posso ter a mente vazia?" Para a maioria das pessoas, ter a mente vazia equivale a ficar em estado de estupor, de idiotia, ou coisa parecida, e vossa reação instintiva é de rejeitar tal estado. Mas, sem dúvida, a mente que é muito tranqüila, a mente que não está sendo distraída pelo próprio pensamento, a mente que é aberta, pode encarar o problema de maneira muito direta e muito simples. É essa capacidade de olharmos nossos problemas sem nenhuma distração, que representa a única solução. Para tanto, é preciso que a mente seja muito tranqüila, muito serena. Essa mente não é resultado, não é produto do exercício, de meditação, de controle. Ela não nasce de qualquer espécie de disciplina, constrangimento ou sublimação; nasce sem esforço algum por parte do "eu", do pensamento; nasce quando compreendo o processo total do pensar, quando posso ver um fato sem distração alguma. Nesse estado de tranqüilidade, da mente que se acha verdadeiramente silenciosa, existe o amor. E só o amor pode resolver todos os problemas humanos. (18)
 * * *
Bibliografia
(1) Krishnamurti - Sobre a Mente e o Pensamento
(2) Krishnamurti - A Arte de Aprende
(3) Krishnamurti - O Futuro da Humanidade
(4) Krishnamurti - O Futuro da Humanidade
(5) Krishnamurti - Sobre a aprendizagem e o conhecimento
(6) Krishnamurti
(7) Krishnamurti e a Educação 
(8) Krishnamurti - Nossa Luz Interior
(9) Krishnamurti - O Livro da Vida 
(10) Krishnamurti - Diálogos sobre a visão intuitiva
(11) Krishnamurti - O Problema da Revolução Total
(12) Krishnamurti - Sobre a aprendizagem e o conhecimento
(13) Krishnamurti - A Arte de Aprender
(14) Krishnamurti - Da Insatisfação à Felicidade
(15) Krishnamurti - A Mutação Interior
(16) Krishnamurti - Encontro com o eterno
(17) Krishnamurti - O Homem Livre
(18) Krishnamurti - A Primeira e a ùltima Liberdade

Pensamento e Consciência

Todas as coisas estavam se recolhendo em si mesmas. As árvores se fechavam em seu próprio ser; os pássaros dobravam suas asas para meditar sobre as divagações do dia; o rio perdera seu fulgor e as águas não mais dançavam, estavam calmas e reservadas. As montanhas estavam distantes e inacessíveis e o homem se recolhera em sua casa. A noite chegara e havia a tranqüilidade do isolamento. Não existia comunhão; cada coisa havia se fechado, isolado. A flor, o som, a conversa – tudo estava abrigado, invulnerável. Havia risos, mas eram isolados e distantes; a conversa era abafada e vinha do interior. Somente as estrelas estavam convidativas, abertas e comunicativas; mas elas estavam muito distantes.

O pensamento é sempre uma reação externa, ele jamais pode reagir profundamente. O pensamento é sempre o externo; o pensamento é sempre um efeito, e pensar é a conciliação dos efeitos. O pensamento é sempre superficial, embora possa se localizar em diferentes níveis. O pensamento jamais pode penetrar o profundo, o implícito. O pensamento não pode ir além de si mesmo, e cada tentativa de fazer isso produz sua própria frustração.

“O que você quer dizer com pensamento?”
O pensamento é a resposta a qualquer desafio; o pensamento não é ação, execução. O pensamento é uma conseqüência, o resultado de um resultado; é o resultado da memória. Memória é pensamento e pensamento é a verbalização da memória. A memória é experiência. O processo do pensamento é o processo consciente, o oculto assim como o aberto. Todo esse processo de pensamento é a consciência; o desperto e o adormecido, os níveis mais superficiais e os mais profundos são, todos, parte da memória, da experiência. O pensamento não é independente. Não existe pensamento independente; “pensamento independente” é uma contradição em termos. O pensamento, sendo um resultado, opõe-se ou concorda, compara ou se ajusta, censura ou justifica, e portanto ele nunca pode ser livre. Um resultado jamais pode ser livre, ele pode deturpar, manipular, divagar, ir até certa distância, mas não pode se libertar de seu próprio ancoradouro. O pensamento está ancorado na memória e jamais pode ser livre para descobrir a verdade de qualquer problema.

“Você quer dizer que o pensamento não tem valor algum?”
Ele tem valor na conciliação dos efeitos, mas não tem valor em si mesmo como um meio para a ação. Ação é revolução, não conciliação de efeitos. A ação livre de pensamentos, idéias e crenças jamais está dentro de um padrão. Pode haver atividade dentro do padrão e essa atividade pode ser violenta, sangrenta ou o oposto; mas não é ação. O oposto não é ação, é uma continuação modificada da atividade. O oposto ainda está dentro do campo do resultado, e na busca do oposto o pensamento é apanhado na rede de suas próprias reações. A ação não é o resultado do pensamento, ela não tem relação com o pensamento. O pensamento, o resultado, jamais pode criar o novo; o novo é de momento a momento, e o pensamento é sempre o antigo, o passado, o condicionado. Ele tem valor mas não liberdade. Todo valor é limitação, ele tolhe. O pensamento é restringente, pois é valorizado.

“Qual é a relação entre consciência e pensamento?”
Eles não são iguais? Existe alguma diferença entre pensar e estar consciente? O pensamento é uma resposta; e estar consciente não é também uma resposta? Quando a pessoa está consciente daquela cadeira, é uma resposta a um estímulo; e a reação da memória a um desafio não é pensamento? É essa reação que chamamos de experiência. Experienciar é desafio e resposta; e esse experienciar, junto com a nomeação ou registro disso, esse processo total, em níveis diferentes, é consciência, não é? A experiência é o resultado, a conseqüência da experienciação. O resultado recebe um termo; o próprio termo é conclusão, uma das muitas conclusões que constituem a memória. Esse processo de conclusão é consciência. A conclusão, o resultado, é a consciência de si mesmo. O Eu é memória, as muitas conclusões; e o pensamento é a reação da memória. O pensamento é sempre uma conclusão; pensar é concluir, e, portanto, nunca pode ser livre.

O pensamento é sempre o superficial, a conclusão. A consciência é o registro do superficial. O superficial se separa como o externo e o interno, mas essa separação não torna o pensamento menos superficial.

“Mas não existe algo além do pensamento, além do tempo, algo que não seja criado pela mente?”
Ou lhe contaram sobre esse estado, você leu sobre ele ou existe a experienciação dele. A experienciação dele nunca pode ser uma experiência, um resultado; ele não pode ser conjeturado – e se for, será uma lembrança, não uma experienciação. Você pode repetir o que leu ou ouviu, mas a palavra não é a coisa; e a palavra, a própria repetição, impede o estado de experienciação. Aquele estado de experienciação não poderá existir enquanto houver pensamento; o pensamento, o resultado e o efeito jamais podem conhecer o estado de experienciação.

“Então, como o pensamento pode acabar?”
Perceba a verdade que o pensamento, o resultado do conhecido, jamais pode existir no estado de experienciação. A experienciação é sempre o novo; pensar pertence sempre ao velho. Veja a verdade disso e ela lhe trará a libertação – libertação do pensamento. Do resultado. Então haverá aquilo que está além da consciência, que não é dormir nem acordar, que é sem nome: aquilo é.

Krishnamurti - Comentários sobre o viver

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Autodefesa

Ele era um homem bem conhecido e estava em posição de prejudicar outros, o que não hesitava em fazer. Era astutamente superficial, desprovido de generosidade, e trabalhava e  benefício próprio. Disse que não gostava muito de discutir os assuntos, mas as circunstâncias o tinham forçado a fazê-lo, e aqui estava ele. Por tudo que disse e deixou de dizer, ficou bastante claro que era muito ambicioso e moldava as pessoas a seu redor; ele era cruel quando valia a pena e amável quando queria algo. Tinha consideração pelos que estavam acima dele, tratava seus iguais com tolerância condescendente e ignorava completamente aqueles que estavam abaixo dele. Não fez mais do que olhar de relance para o motorista que o trouxera. Seu dinheiro o tornara desconfiado e ele tinha poucos amigos. Falava de seus filhos como se fossem brinquedos para diverti-lo, e não suportava ficar sozinho, disse. Alguém o prejudicara e ele não pode retaliar porque a pessoa estava além de seu alcance; dessa forma, estava descontando naqueles que ele podia alcançar. Era incapaz de entender porque estava sendo desnecessariamente brutal porque queria prejudicar aqueles que dizia amar. Enquanto falava, lentamente começou a se descontrair e a se tornar quase simpático. Era a simpatia do momento, cujo calor seria cortado instantaneamente se fosse frustrado ou se algo lhe fosse exigido. Como nada estava sendo pedido, estava livre e temporariamente afetuoso.

O desejo de ferir, de prejudicar os outros, seja por uma palavra, por um gesto ou mais profundamente, é forte na maioria de nós; é comum e assustadoramente prazeroso. O próprio desejo de não ser ferido dá origem ao ferir os outros; prejudicar os outros é uma maneira de se defender. Essa autodefesa adota formas peculiares, dependendo das circunstâncias e tendências. Como é fácil ferir o outro, e quanta bondade é necessária para não ferir! Ferimos outros porque nós mesmos estamos feridos, estamos muito machucados por nossos próprios conflitos e sofrimentos. Quanto mais somos interiormente torturados, maior o impulso de sermos exteriormente violentos. A agitação interior nos impele a buscar proteção externa; e quanto mais a pessoa se defende, maior o ataque sobre os outros.
O que é que defendemos, que protegemos tão cuidadosamente? Certamente, é a idéia de nós mesmos, em qualquer que seja o nível. Se não protegêssemos a idéia, o centro de acumulação,  não haveria o “eu” e o “meu”. Estaríamos assim totalmente sensíveis e vulneráveis aos mecanismos de nosso próprio ser, tanto o consciente quanto o oculto; mas como a maioria não deseja descobrir o processo do “eu”, resistimos a qualquer interferência na idéia de nós mesmos. Esta é inteiramente superficial; mas como a maioria vive na superfície, satisfazemo-nos com  ilusões.

O desejo de fazer mal a outro é um instinto profundo. Nós acumulamos ressentimento, o que proporciona uma vitalidade estranha, um sentimento de ação e vida; o que é acumulado deve ser gasto através de raiva, insulto, depreciação, obstinação e seus opostos. É essa acumulação de ressentimento que necessita de perdão – o que se torna desnecessário se não houver armazenamento da mágoa.

Por que armazenamos lisonjas e insultos, ofensas e carinhos? Sem esse acúmulo de experiências e suas reações nós não somos;  nós somos nada se não temos um nome, um apego, uma crença. É o medo de ser nada que nos compele a acumular; e é esse mesmo medo consciente ou inconsciente que, apesar de nossas atividades acumuladoras, produz nossa desintegração e destruição. Se conseguirmos estar atentos à verdade desse  medo,  então essa verdade é que nos libertará dele, e não nossa determinação intencional de ser livres.

Você é nada. Você pode ter seu nome e título, sua propriedade e conta bancária, ter poder e ser famoso; mas, apesar de todas essas garantias, você é como nada. Você pode estar totalmente inconsciente desse vazio, desse nada, ou pode simplesmente não querer estar cônscio dele; mas ele existe, faça você o que quiser para evitá-lo. Você pode tentar escapar dele de maneiras tortuosas: por meio de violência pessoal ou coletiva, de adoração individual ou coletiva, de conhecimento ou diversão, mas quer você esteja adormecido ou acordado, ele está sempre lá. Você só pode enfrentar sua relação com esse nada e seu medo estando atento às fugas de uma forma desprovida de escolha. Você não está relacionado a ele como uma entidade separada, individual; você não é o observador assistindo a isso; sem você, o pensador, o observador, isso não existe. Você e o nada estão unidos; você e o nada são um fenômeno conjunto, não dois processos separados. Se você, o pensador, estiver com medo disso e for abordá-lo como algo oposto e contra você, então qualquer ação que puder realizar deverá, inevitavelmente, levar à ilusão e a mais conflito e sofrimento. Quando existe a descoberta, a experienciação daquele nada sendo você, aí o medo – que existe apenas quando o pensador está separado de seus pensamentos e assim tenta estabelecer uma relação com eles – afasta-se inteiramente. Somente então é possível que a mente silencie; nessa tranqüilidade, a verdade toma forma.

Krishnamurti – Comentários sobre o viver

domingo, 29 de julho de 2012

"Meu caminho e seu caminho"

Ele era um estudioso, falava muitos idiomas e era viciado em conhecimento como uma outra pessoa o é em bebidas alcoólicas. Estava incessantemente citando terceiros para apoiar suas próprias opiniões. Interessava-se por ciências e artes, e quando dava sua opinião, era com um movimento de cabeça e um sorriso que transmitia de um modo sutil que não era meramente sua opinião, mas a verdade final. Disse que tinha suas próprias experiências, abalizadas e convincentes para ele. "Você também tem suas experiências, mas não pode me convencer", disse ele. "Você segue o seu caminho, e eu o meu. Existem caminhos diferentes para a verdade, e todos vamos nos encontrar lá um dia". Era amistoso, de uma forma distante, mas firme. Para ele os Mestres, embora não gurus reais e visíveis, eram uma realidade, e tornar-se seu discípulo era fundamental. Ele e vários outros, designavam como discípulos aqueles que estivessem dispostos a aceitar esse caminho e a autoridade deles; mas ele e seu grupo não pertenciam àqueles que, pelo espiritualismo, descobriam guias entre os mortos. Para encontrar os mestres você deve servir, trabalhar, sacrificar-se, obedecer e praticar certas virtudes; e, claro, a crença era necessária.
Estar preso à ilusão é fiar-se na experiência como um meio de descobrir o que é. O desejo e o anseio condicionam a experiência; e depender da experiência como um meio para o entendimento da verdade é buscar um modo de auto-engrandecimento. A experiência jamais pode trazer libertação da dor; a experiência não é uma resposta adequada ao desafio da vida. O desafio deve ser enfrentado de modo novo, fresco, pois o desafio é sempre novo. Para enfrentar o desafio de forma adequada, a memória condicionada da experiência deve ser posta de lado, as reações de prazer e dor devem ser profundamente entendidas. A experiência é um impedimento à verdade, pois ela pertence ao tempo, é o resultado do passado; e como pode a mente, que é o resultado da experiência, do tempo, entender o que é atemporal? A verdade da experiência não depende de idiossincrasias e fantasias pessoais; a verdade disso é percebida apenas quando há atenção sem censura, justificativa ou qualquer forma de identificação. A experiência não é uma abordagem à verdade; não existe "sua experiência" ou "minha experiência", mas apenas a compreensão inteligente do problema.
Sem autoconhecimento a experiência produz ilusão; com autoconhecimento a experiência, que é a resposta ao desafio, não deixa um resíduo acumulativo como memória. O autoconhecimento é a descoberta de momento a momento dos mecanismo do Eu, de suas intenções e buscas, seus pensamentos e desejos. Jamais pode haver "sua experiência" e "minha experiência"; o próprio termo "minha experiência" indica ignorância e aceitação da ilusão. No entanto, muitos gostam de viver em ilusão, pois há grande satisfação nela; é um refúgio particular que nos estimula e dá um sentimento de superioridade. Se tenho capacidade, talento ou astúcia, torno-me um líder, um intermediário, um representante daquela ilusão; e como a maioria das pessoas adora evitar o que é, há a construção de uma organização com propriedades e rituais, com votos e reuniões secretas. A ilusão é vestida de acordo com a tradição, sendo mantida dentro do campo da respeitabilidade; e como a maioria busca poder de uma forma ou de outra, o princípio hierárquico é estabelecido, o iniciante e o iniciado, o discípulo e o Mestre, e mesmo entre os Mestres existem vários níveis de progresso espiritual. A maioria adora explorar e ser explorado, e esse sistema oferece os meios, quer sejam ocultos ou claros.
Explorar é ser explorado. O desejo de usar outros para as suas necessidades psicológicas produz dependência, e quando você depende, precisa manter, possuir; e o que você possui, possui você. Sem dependência, sutil ou evidente, sem possuir coisas, pessoas e idéias, você é vazio, uma coisa sem importância. Você quer ser algo, e para evitar o medo atormentador de ser nada você pertence a essa ou aquela organização, a essa ou aquela ideologia, a essa igreja ou aquele templo; assim você é explorado e, por sua vez, explora. Essa estrutura hierárquica oferece excelente oportunidade de auto-expansão. Você pode querer fraternidade, mas como pode haver fraternidade se você está buscando distinções espirituais? Você pode rir dos títulos mundanos; mas quando você admite o Mestre, o salvador, o guru no domínio do espírito, não está persistindo na atitude mundana? Podem haver divisões hierárquicas ou níveis de progresso espiritual na compreensão da verdade, na percepção de Deus? O amor não admite divisão. Ou você ama ou não ama; mas não faça da falta de amor um processo arrastado cuja finalidade é o amor. Quando você sabe, você não ama; quando você está atentamente desprovido de escolha quanto a esse fato, há aí uma possibilidade de transformação; mas diligentemente cultivar essa distinção entre o Mestre e o discípulo, entre aqueles que conseguiram e aqueles que não conseguiram, entre o salvador e o pecador, é negar o amor. O explorador, que por sua vez é explorado, encontra uma feliz zona de caça nesse ambiente escuro e ilusório.
A separação entre Deus ou a realidade e você é produzida por você, pela mente que se prende ao conhecido, à certeza, à segurança. Essa separação não pode ser ligada por uma ponte; não existe ritual, nenhuma disciplina, nenhum sacrifício que possa levá-lo a atravessá-lo; não existe nenhum salvador, nenhum Mestre, nenhum guru que possa levá-lo ao real ou destruir essa separação. A divisão não é entre o real e você; é em você, é o conflito de desejos opostos. O desejo cria o seu próprio oposto; e a transformação não é uma questão de estar centrado em um desejo, mas de estar livre do conflito que o anseio causa. O anseio, em qualquer nível do ser de um indivíduo, gera mais conflito, e daí tentamos fugir de todas as maneiras possíveis, o que apenas aumenta o conflito, tanto interno como externo. Este não pode ser dissolvido por uma outra pessoa, por mais excelente que seja, nem por qualquer mágica ou ritual. Estes podem lhe anestesiar de forma agradável, mas, quando acordar, o problema ainda existirá. Mas a maioria não quer acordar, e assim vivemos em ilusão. Com a dissolução do conflito há tranquilidade, e só então a realidade pode tomar forma. Os Mestres, salvadores e gurus não são importantes, mas o que é essencial é entender o crescente conflito do desejo; e esse entendimento vem apenas por meio do autoconhecimento e dá atenção constante aos movimentos do Eu.
A autopercepção é trabalhosa, e visto que a maioria prefere um caminho fácil e ilusório, trazemos à existência a autoridade que dá forma e padrão à nossa vida. Essa autoridade pode ser coletiva, o estado; ou pode ser pessoal, o Mestre, o salvador, o guru. A autoridade de qualquer tipo é cegante, leva à ações irrefletidas; e como a maioria acha que ser ponderado é um esforço, entregamo-nos à autoridade.
A autoridade produz poder e o poder sempre se torna centralizado e, portanto, totalmente corruptível; ele corrompe não apenas quem o empunha, mas também aquele que o segue. A autoridade do conhecimento e da experiência perverte, quer seja conferida ao Mestre, a seu representante ou ao padre. É sua própria vida, esse conflito aparentemente interminável, que é significante, não o padrão ou o líder. A autoridade do mestre e do padre o afasta da questão central, que é o conflito dentro de si mesmo. O sofrimento nunca pode ser entendido e dissolvido por meio da busca por um modo de vida. Tal busca é mero evitar o sofrimento, a imposição de um padrão, que é fuga; e o que é evitado apenas inflama, trazendo mais calamidade e dor. O entendimento de si mesmo, por mais doloroso ou passageiramente prazeroso, é o início da sabedoria.
Não existe caminho para a sabedoria. Se houver um caminho, a sabedoria será o formulado, já conhecida, já imaginada. Pode ser a sabedoria ser conhecida ou cultivada? É uma coisa a ser aprendida, acumulada? Se for, então se torna mero conhecimento, uma coisa da experiência e dos livros. A experiência e o conhecimento são uma cadeia contínua de reações e, portanto, nunca podem compreender o novo, o fresco, o não-criado. A experiência e o conhecimento, sendo contínuos, formam um caminho para sua próprias projeções, e desse modo estão constantemente tolhendo. A sabedoria é o entendimento do que é, de momento a momento, sem o acúmulo de experiências e conhecimentos. O que é acumulado não dá liberdade para entender, e sem liberdade não há descobrimento; e é essa descoberta incessante que cria sabedoria. Ela é sempre nova, sempre fresca, e não há meios de acumula-la. Os meios destroem o frescor, a novidade, a descoberta espontânea.
Os muitos caminhos para uma realidade são a invenção de uma mente intolerante; são o resultado de uma mente que cultiva a tolerância. "Eu sigo o meu caminho e você segue o seu, mas sejamos amigos e nos encontraremos finalmente". Você e eu nos encontraremos se você estiver indo para o norte e eu para o sul? Podemos ser amigos se você tem um conjunto de crenças e eu outro, se eu sou um assassino coletivo e você é um pacifista? Ser amigo subentende relacionamento em trabalho, em pensamento; mas existirá qualquer relação entre o homem que odeia e o homem que ama? Existe qualquer relacionamento entre o homem em ilusão e aquele que é livre? O homem livre pode tentar estabelecer algum tipo de relacionamento com aquele em cativeiro; mas aquele que está em ilusão não pode ter um relacionamento com o homem livre.
O separado, prendendo-se à sua separação, tenta estabelecer um relacionamento com outros que também estão fechados em si mesmos; tais tentativas, invariavelmente, criam conflito e dor. Para evitá-la, os inteligentes inventam a tolerância, cada um examinando sua barreira autolimitante e tentando ser gentil e generoso. A tolerância é da mente e não do coração. Você fala de tolerância quando ama? Mas quando o coração está vazio a mente o enche com seus mecanismos astutos e seus medos. Não existe comunhão onde há tolerância.
Não existe um caminho para a verdade. A verdade deve ser descoberta mas não existe uma fórmula para o seu descobrimento. O que é formulado não é verdadeiro. Você deve partir para o mar inexplorado, e o mar inexplorado é você mesmo. Você deve partir para se descobrir, mas não segundo algum plano ou padrão, porque aí não há descobrimento. O descobrimento traz alegria — não a alegria lembrada, comparativa, mas a alegria sempre nova. O autoconhecimento é o início da sabedoria em cujo silêncio e tranquilidade existe o incomensurável.

Krishnamurti — Comentários sobre o viver  

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Krishnamurti - Mutação Total, Inadiável, do Homem, da Sociedade

No entanto, podemos viver em extrema simplicidade e sensatez, e, conseqüentemente, em paz (…) Cada um de nós deve interessar-se com empenho na criação de uma nova sociedade ou uma nova civilização, resguardada das causas que estão destruindo e desintegrando o mundo em que vivemos. (…) Vossa própria transformação é de extrema importância, porquanto vós sois, individualmente, a causa da confusão universal. (…) (O Caminho da Vida, pág. 20)

Sabeis (…) O que está acontecendo no mundo é uma projeção do que está sucedendo no interior de cada um de nós, pois o que somos o mundo é. (…) E é necessário criar um novo mundo, (…) que não represente continuação, em forma diferente, desta mesma sociedade corrompida. (…) Considerai, pois, seriamente essas coisas, pois, em virtude dessa consideração, nascerá um extraordinário sentimento de alegria, de felicidade. (A Cultura e o Problema Humano, pág. 66)

Sem regeneração do indivíduo, não pode haver revolução fundamental. Sem uma revolução básica dos valores, não é possível uma ordem verdadeira e duradoura. É nosso empenho promover essa revolução. Uma revolução no pensar e no sentir e, conseqüentemente, na ação. Essas três coisas não estão separadas, sendo, antes, um processo unitário. São relacionadas entre si e mutuamente dependentes. (O Caminho da Vida, pág. 11)

Não é de grande relevância compreender cada um a si próprio antes de tudo o mais? (…) Da compreensão e conseqüente transformação de si próprio resultará inevitavelmente a necessária e vital transformação do Estado e do ambiente. (…) O mundo é a projeção de vós mesmos; vosso problema é o problema do mundo. (Autoconhecimento, Correto Pensar, Felicidade, pág. 37-38)

O mundo sois vós. Sem a transformação do indivíduo - que sois vós - não há possibilidade de uma revolução radical no mundo. Revolução na ordem social, sem a transformação do indivíduo, só pode conduzir a novos conflitos e desastres. (…) (O Caminho da Vida, pág. 34)

Interlocutor: Podeis explicar o que a mudança implica?

Krishnamurti: Tenho de ser breve. Em primeiro lugar, observa-se no mundo (…) uma mudança fantástica. Aí temos a mudança tecnológica. Mas há necessidade de uma revolução psicológica e, por conseguinte, social. (…) Psicologicamente, (…) porque atualmente somos ávidos, invejosos, ansiosos, medrosos, aflitos. (…) Precisamos libertar-nos (…) de tudo isso; necessitamos de liberdade (… ), de uma completa mudança (…) de nosso pensar e de nosso sentir. (…) (Palestras com Estudantes Americanos, pág. 127-128)

Nosso problema principal é este: podemos operar uma mudança imediata em nossa vida, de maneira que cada um possa sair deste salão transformado num ente humano novo, “inocente”, puro, lúcido, incontaminado pelo tempo - não na forma de uma idéia, esperança ou ideologia, porém realmente? (Idem, pág. 128)

É isso o que está implicado na palavra “mudança”, e não apenas uma revolução econômica, social, que não leva a parte alguma. Já tivemos revoluções, comunistas e outras, e todas estão voltando ao mesmo e velho padrão. (…) (Idem, pág. 128)

Ora, eu não estou falando a respeito de mudança de padrão, porém (…) de uma profunda revolução psicológica - e isso significa libertar-se completamente da estrutura psicológica da sociedade. Mudança que se opera dentro do padrão da sociedade é um movimento do “conhecido” para o “conhecido”. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 90-91)

A revolução implica, por certo, um percebimento total de toda a estrutura psicológica do “eu”, consciente e inconsciente, e que se esteja totalmente livre dessa estrutura sem pensar em “tornar-se outra coisa”. Quer estejamos cônscios dela, quer não, a maioria de nós estabeleceu um padrão de pensamento e atividade (…) (Idem, pág. 91)

Como estive dizendo (…), se não há compreensão do inconsciente, toda “mudança” psicológica é simples ajustamento a um padrão estabelecido pelo inconsciente. E a crise atual - não apenas a crise externa, mas também a crise existente na consciência - exige uma revolução. (Idem, pág. 91)

Não me refiro à revolução social ou econômica, porém à revolução no inconsciente - a completa libertação da estrutura psicológica da sociedade, total abandono da ambição, da inveja, da avidez, do desejo de poder, posição, prestígio, etc. Esta é a única revolução, porquanto, sem ela, nada de novo pode existir. (…) (Idem, pág. 91)

(…) A realidade só pode existir quando a mente, que é produto do tempo, deixa de existir; há então o experimentar daquela realidade que não é fictícia, não é auto-hipnose. Só se extingue o processo do pensamento quando compreendeis a vós mesmos. (…) A realidade, portanto, não está distante, a regeneração não depende do tempo. A regeneração, essa revolução interior portadora de esclarecimento, só se concretiza ao perceberdes o que é. (…) Só quando a mente está tranqüila, é que vem a regeneração. (A Arte da Libertação, pág. 57)

A experiência da realidade não é questão de crença; quem crê nela, não a conhece, e quem fala a seu respeito está apenas dizendo palavras. Palavras não são experiência (…) a realidade. A realidade é imensurável, não pode ser ensinada com palavras floridas, assim como a vida não pode ser encerrada dentro das muralhas da posse. Só quando a mente é livre, vem a criação. (Idem, pág. 57)

Para transformar qualquer coisa, (…) precisais primeiro compreender o que é; só então há possibilidade de renovação, regeneração, transformação. (…) Toda reforma sem compreensão é retrocesso, porque não olhamos de frente o que é; mas se começarmos a compreender exatamente o que é, saberemos, então, como agir. Não podeis agir, sem antes observar, investigar e compreender o que é. (…) (A Arte da Libertação, pág. 169)

Nosso problema, pois, consiste em libertar a mente dessa atividade egocêntrica, não só no nível das relações sociais, mas também no nível psicológico. É essa atividade do “eu” que está causando malefícios e sofrimentos, tanto em nossas vidas individuais como em nossa existência como grupo e como nação. E só podemos pôr fim a tudo isso, se compreendermos inteiramente o processo do nosso pensar. (Claridade na Ação, pág. 46)

Se, ao contrário, estais profundamente interessados no problema da transformação radical, fundamental, reconhecereis, então, diretamente, por vós mesmos, que essa transformação é indispensável para que possa haver paz no mundo, para que não haja mais fome. (…) Para que haja bem-estar universal do homem, faz-se necessária uma transformação, não no nível superficial, porém no centro. O centro é o “eu”, que está sempre acumulando. (…) (Claridade na Ação, pág. 154-155)

Assim, há necessidade de ação completamente dissociada da sociedade, uma maneira de pensar não contaminada pela sociedade, porque só então se tornará possível a verdadeira revolução - que não é revolução superficial, num nível único, econômico, social ou de outra ordem. A revolução total tem de realizar-se no próprio homem, e só então a mente pode resolver os crescentes problemas da sociedade. (Da Solidão à Plenitude Humana, pág. 69-70)

(…) Porque as coisas não podem continuar nas condições atuais. (…) Como pode haver ação transformadora, não no correr do tempo, mas já? (…) Porque há tanta miséria, aqui em Bangalore e por todas as partes no mundo; há crises econômicas, há falta de higiene, pobreza, desemprego, lutas comunais, etc., e a constante ameaça de guerra. (…) (Novo Acesso à Vida, pág. 96)

Temos de compreender a totalidade dessa questão. Vai ser essa a nossa dificuldade porque (…) todos os problemas humanos estão interligados. Assim, provocar uma completa revolução psicológica parece muito mais importante do que uma revolução de caráter econômico ou social - derrubar determinado sistema, quer neste país, quer na França ou na Índia - porque os problemas são muito mais vastos, muito mais profundos do que apenas tornar-se um ativista, ligar-se a um grupo, ou recolher-se a um mosteiro para meditar, (…) aprender Zen ou Yoga. (O Mundo Somos Nós, pág. 45)

Nessas condições, para transformar o mundo que nos circunda, com suas misérias (…) guerras, desemprego, fome, divisões de classes (…), urge uma transformação em nós mesmos. (Por que não te satisfaz a Vida?, pág. 25-26)

A revolução deve começar dentro de nós mesmos, mas não de acordo com nenhuma crença ou ideologia; (…) Para se operar uma revolução fundamental dentro em nós, precisamos compreender, integralmente, o processo de nossos pensamentos e sentimentos na vida de relação. É a única solução. (…) (Idem, pág. 26)

(…) Pensamos que, com uma revolução exterior, podemos criar um mundo novo, baseado no que deveria ser. Mas a revolução só pode ser no centro, na psique, e então produzirá a verdadeira revolução no exterior. (…) (Que Estamos Buscando, pág. 130)

Nosso problema, portanto, não é de como criar um novo padrão (…) mas, sim, de como despertar a revolução radical em nós mesmos. Este é o verdadeiro problema; porque o que sois, o mundo é. Vosso problema é o problema do mundo, não estais separados do mundo; vós e o mundo sois um processo integral. (…) (Idem, pág. 130)

(…) A maioria de nós não deseja transformar-se, ou só queremos modificar-nos superficialmente (…); mas só uma radical revolução interior terá o poder de transformar o mundo. Ela deve começar, em vós, como indivíduo, pois não a podeis esperar da massa. (…) (Idem, pág. 130-131)

Os problemas do mundo são os nossos problemas ampliados e multiplicados. (…) Vós criastes o mundo, e a vós incumbe transformá-lo. É pela vossa conduta, pela vossa maneira de viver, pela radical regeneração de vós mesmos, que sereis capazes de criar um mundo novo, onde não haja (…) lutas, nem explorações, nem guerras. (…) (O Caminho da Vida, pág. 21)

(…) Essa regeneração fundamental, essa completa transformação, virá no dia em que estiverdes cônscios de vossos pensamentos, sentimentos e ações. Tomai sentido de vossa conduta diária. (…) Sem condenação nem justificação, olhai-vos como vós sois, observai-vos, pensando, sentindo e agindo, até começardes a compreender a vós mesmos. (…) (Idem, pág. 21)

Pergunta: Não achais que, para alterarmos esse estado de coisas, necessitamos também de uma revolução externa?

Krishnamurti: Revolução interna e externa ao mesmo tempo. Não primeiro uma e depois a outra; as duas devem ser simultâneas. Deve ser uma instantânea revolução interior e exterior, sem se dar mais relevo a uma ou à outra. Como realizá-la? Só quando se vê esta verdade, que a revolução interior é a revolução exterior. Quando a virdes de fato, e não intelectualmente, verbalmente, idealmente, a revolução se realizará. Ora, existe em vós essa interior e total revolução? Se não existe e quiserdes promover a revolução exterior, implantareis o caos. (…) (A Questão do Impossível, pág. 36)

Vemos, pois, que é essencial começarmos em nós mesmos a operar a transformação de nossa própria atitude, (…) ações, (…) orientação. Essa transformação (…) tem de começar com o autoconhecimento; (…) sem autoconhecimento, torna-se impossível uma revolução radical (…) (Nós Somos o Problema, pág. 80)

Nós mesmos é que temos de transformar-nos, e não a sociedade; compreendei isso (…) Temos de efetuar em nós mesmos, do mais alto ao mais baixo nível, uma transformação de todo o nosso pensar, viver e sentir; então, só então, será possível a transformação social; a simples revolução física, com o fim de alterar a estrutura externa da sociedade, traz inevitavelmente (…) a ditadura ou o Estado totalitário, que negam totalmente a liberdade. (Fora da Violência, pág. 150)

Essa transformação radical de nós mesmos é um trabalho que dura toda a vida, e não uma coisa com que nos ocupamos por uns poucos dias e depois esquecemos; é uma aplicação constante, um contínuo percebimento do que se está passando, interior e exteriormente. (Fora da Violência, pág. 150)

Pergunta: Que entendeis por transformação?

Krishnamurti: É bem óbvia a necessidade de uma revolução radical. A crise mundial a exige. Nossas vidas a exigem. Nossos incidentes, desejos, atividades, anseios de cada dia, a exigem. Nossos problemas a exigem. Faz-se necessária uma revolução fundamental, radical, porque tudo ruiu ao redor de nós. Embora, aparentemente, exista ordem, observa-se um lento declínio, uma lenta decomposição. A onda de destruição está superando constantemente a onda da vida. (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 281)

É necessária, pois, uma revolução, mas não a revolução baseada em idéia. (…) Em vista da catástrofe que estamos presenciando - a constante repetição das guerras, o incessante conflito entre classes, (…) pessoas, a horrível desigualdade econômica e social, (…) de capacidades e talentos, o abismo que se abre entre os que são muito felizes, livres de perturbações, e os que se debatem nas malhas do ódio, do conflito e do sofrimento - em vista de tudo isso, há necessidade de uma revolução, de uma transformação completa. (…) (Idem, pág. 281)

A transformação não está no futuro, não pode estar no futuro. Ela só pode ser agora, momento a momento. Assim sendo, que entendemos por transformação? Ora, é muito simples: é ver o falso como falso, e o verdadeiro como verdadeiro. Ver a verdade no falso, e ver o falso naquilo que foi aceito como verdade. (…) Quando se vê que uma coisa é falsa, essa coisa falsa se extingue. (…) Quando se vê que a distinção de classes é falsa, gera conflitos, cria miséria, divisão entre os homens, se se percebe a verdade a esse respeito, essa própria verdade liberta. O próprio percebimento dessa verdade é transformação. (…) (Idem, pág. 282)

(…) E nós necessitamos deveras de uma mudança completa, de uma tremenda revolução. Necessitamos não de uma mudança de idéias, de padrões, mas, sim, da demolição, da destruição total de todos os padrões. (…) E a mudança é necessária, pois não podeis continuar a viver com essas atitudes, crenças e dogmas tão insignificantes, estreitos, limitados. Tudo isso precisa ser destroçado, destruído. (…) (O Passo Decisivo, pág. 243)

Creio que a maioria de nós percebe a necessidade de uma revolução radical de que resulte uma nova dimensão do pensamento, isto é, que comecemos a pensar num nível completamente diferente, pois de modo nenhum podemos continuar como estamos e sempre estivemos, ou seja, repetindo um padrão e “funcionando” dentro de seus limites. (…) (Uma Nova Maneira de Agir, 1ª ed., pág. 90)

Observa-se no mundo (…) a deterioração que está invadindo todos os níveis de nossa existência. E, observando esse fenômeno, (…) somos naturalmente levados a investigar se não existirá um caminho diferente, uma diversa maneira de considerar o problema da existência e das relações humanas, (…) a possibilidade de uma revolução que projete todo o processo do pensar numa dimensão inteiramente nova. (…) (Idem, pág. 90)

Quando, como atualmente, nos vemos em presença de uma crise tremenda (…) Dentro de nós tem de nascer um processo inteiramente diverso para podermos enfrentar essa crise, e o nascimento desse processo não pode ser provocado pela mente consciente. (Viver sem Temor, pág. 35)

Temos, pois, de aprender de maneira nova e descobrir uma nova maneira de viver. Para isso, temos de investigar o atual estado da mente, da consciência, e ver se é possível operar uma mutação fundamental e radical dessa consciência. (…) (Viagem por um Mar Desconhecido, pág. 111)

O novo desafio que se apresenta aos entes humanos, que (…) vivem em tamanha aflição, agora aumentada por terríveis meios de destruição, o novo desafio é este, que deveis mudar instantaneamente (…) Está visto, pois, que deveis reagir ao novo desafio de maneira nova. (…) (Palestras com Estudantes Americanos, pág. 22)

Reconhecemos necessária uma transformação fundamental em nossa maneira de pensar, uma radical transformação da mente e do coração do homem. Mas essa extraordinária transformação não será realizada se fazemos continuar o que já existia, sob forma modificada. (…) (Da Solidão à Plenitude Humana, pág. 117)

Assim sendo, parece-me de grande importância compreender o “processo” total da individualidade. Porque, só quando o indivíduo se transforma radicalmente, pode haver uma revolução fundamental na sociedade. É sempre o indivíduo e nunca a coletividade, que pode produzir uma mudança radical no mundo. (…) (Idem, pág. 118)

E mutação difere de mudança. (…) Mudança implica tempo, gradualidade, (…) continuidade do que foi; mas mutação implica uma quebra completa e a verificação de algo novo. Mudança implica tempo, esforço, continuidade, modificação que requer tempo. Na mutação, não existe o tempo; ela é imediata. O que nos interessa é a mutação, e não a mudança. O que nos interessa é a completa e imediata cessação da ambição, e essa quebra imediata da ambição é mutação. (A Mutação Interior, pág. 185)

Para sairmos desta crise, requer-se ação fora do tempo, (…) não baseada numa idéia, num sistema; (…) Assim (…) significa que a regeneração do indivíduo deve ser imediata, e não um processo de tempo. Deve realizar-se hoje, e não amanhã; porque o adiar é um processo de desintegração. (…) (Da Insatisfação à Felicidade, pág. 89)

A revolução só é possível agora, e não no futuro; a regeneração é hoje, e não amanhã. Se experimentardes o que estou dizendo, vereis que há regeneração imediata, um estado novo, uma qualidade nova, porque a mente está sempre tranqüila quando está interessada, (…) tem o desejo ou a intenção de compreender. (…) Está em ação o mecanismo de defesa, quando empregamos o tempo ou um ideal como meio de gradativa transformação. (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 132)

(…) Sois responsável por tudo, e em vós é que deve verificar-se a “explosão”. Essa completa mutação deverá produzir uma transformação (…) Sabeis o que entendemos por “mutação”? Há duas coisas importantes na vida: mudança e mutação. (…) Mudança implica a continuidade do que foi, modificado ou ampliado ou alterado. Mudança implica movimento do conhecido para o conhecido, modificado. (…) (Uma Nova Maneira de Agir, pág. 15)

(…) A mutação é coisa que não pode ser conhecida; porque, se já é conhecida, é apenas mudança. (…) A mutação é uma dimensão totalmente diferente; e, por conseguinte, deveis ter olhos diferentes, um diferente coração, uma mente diferente (…) (Idem, pág. 15-16)

Assim, pois, estamos falando de uma mente capaz de servir-se do conhecimento, sem ser escrava do conhecimento; uma mente vazia e, por conseguinte, criadora. (…) Porque (…) só do vazio pode provir uma coisa nova, e não da mente que está “carregada”, condicionada, etc. O novo não é condicionado pelo velho. O novo não é reconhecível pelo velho. (…) (Uma Nova Maneira de Agir, pág. 16)

(…) Para se operar uma revolução fundamental dentro de nós, precisamos compreender, integralmente, o processo de nossos pensamentos e sentimentos, na vida de relação. (…) Se pudermos compreender a nós mesmos, tal como somos, momento a momento, sem o processo da acumulação, veremos então como surge uma tranqüilidade que não é produto da mente, (…) nem cultivada; e, só nesse estado de tranqüilidade, pode haver criação. (Por que não te Satisfaz a Vida? pág. 26)

Muito importa, pois, que se compreenda integralmente o processo do “eu”; porquanto, sem essa compreensão, não há possibilidade de ação nova e fundamental. Se uma pessoa quer compreender a sociedade e promover uma revolução fundamental na estrutura social, ela tem, obviamente, de começar em si mesma; porque nós não somos diferentes da sociedade. O que somos, a sociedade é. (…) (Por que não te Satisfaz a Vida?, pág. 152)

O que estou tentando comunicar-vos é muito simples. Compete-vos descobrir uma nova maneira de viver e de agir, descobrir o que significa o amor. E, para esse descobrimento, não podeis servir-vos dos velhos instrumentos que possuís: o intelecto, as emoções, a tradição. (…) Têm seu valor próprio em certos níveis da existência, mas não valem nada quando se trata de descobrir uma maneira de viver totalmente nova. Em outras palavras: a crise atual não se acha no mundo, mas em nossa própria consciência (…) (A Libertação dos Condicionamentos, pág. 13)

Que significa compreender a totalidade? Significa, por certo, que devo compreender a totalidade de meu próprio ser, pois eu não sou diferente da sociedade. Sou produto da sociedade, assim como a sociedade é uma “projeção” de mim mesmo; e para conseguir uma transformação fundamental da sociedade, devo transformar-me totalmente (…) (O Homem Livre, pág. 19)

Poucas pessoas se interessam em si mesmas - a não ser quando se trata de seu êxito pessoal. (…) Refiro-me ao interesse que o indivíduo deve ter em transformar-se. Mas, em primeiro lugar, a maioria de nós não percebe a importância, a verdade relativa à transformação; e, em segundo lugar, não sabemos como nos transformar, como produzir em nós essa extraordinária, essa “explosiva” transformação interior. A transformação no nível da mediocridade - o trocar um padrão por outro - não é absolutamente transformação. (O Homem Livre, pág. 136)

Aquela transformação “explosiva” deriva da concentração de toda a nossa energia, a fim de resolvermos o problema fundamental da inveja. Estou considerando este ponto como o problema central, embora haja muitas outras coisas nele implicadas. Tenho a capacidade, a intensidade, a inteligência, a agilidade necessária para seguir os movimentos da inveja, em vez de apenas dizer “não devo ser invejoso”? (…) Também (…) o ideal da “não-inveja” - o que é igualmente absurdo (…) (Idem, pág. 136-137)

(…) Mediante a legislação podeis alcançar certos resultados benéficos, mas, sem a alteração das causas internas, fundamentais, do conflito e do antagonismo, anular-se-ão tais efeitos e surgirá novamente a confusão; as reformas externas requerem sempre novas reformas (…) Só estabelecendo interiormente a ordem e a paz é que poderemos criar exteriormente um estado de ordem perdurável e a concórdia criadora.

(…) Sem extinguirmos em nosso íntimo, por nós próprios, a cupidez, a luxúria e a violência, a simples reforma exterior pode produzir resultados superficiais, mas serão destruídos por aqueles que estão sempre buscando posição, fama, etc. Para se conseguir a mudança necessária e fundamental no mundo exterior, (…) deveis começar por vós e transformar-vos profundamente. (…) (Autoconhecimento, Correto Pensar, Felicidade, pág. 105)

Seleta de Krishnamurti

Participe do nosso grupo no Facebook

Participe do nosso grupo no Facebook
Grupo Jiddu Krishnamurti
Related Posts with Thumbnails

Vídeos para nossa luz interior

This div will be replaced