Isto é, se cada mestre ensina tão-somente a sua especialidade, então, naturalmente se precisa de muitos mestres numa escola pequena. Se o mestre é tão só uma entidade especializada, não é então um educador, porquanto só lhe interessa a sua matéria, e ele não sabe mais nada, — e por ISSO necessita-se de muitos entes humanos especializados, para ensinar os jovens. Mas, ainda o mestre que tem o seu conhecimento especializado — conhecimento da sua matéria — mesmo este, se é inteligente, pode ensinar outras matérias, não?
Senhores, a nossa dificuldade, no mundo moderno, está em desejarmos resultados imediatos, imediato sucesso. Não pensamos em longos prazos, mas só em prazos curtos. Queremos que nossos filhos ou filhas passem nos exames, para obterem empregos; só isso nos interessa. Eis porque criamos uma estrutura educativa que torna necessária a existência do especialista. Se optamos, porém, pelo prazo longo isto é, se percebemos a significação da educação dos jovens — nesse caso, o mestre não é apenas o homem que dá instrução na sua matéria, mas deve ser também um ente humano inteligente e sem medo. O problema, pois, não se refere à multiplicidade de mestres, senão à necessidade de mestres que tenham capacidade e inteligência para se encarregarem de diferentes matérias. Afinal, isto não é muito difícil; se um homem é suficientemente inteligente, pode ensinar não só Matemática, mas também História. Mas, nem o mestre, nem o pai, nem a sociedade é inteligente. Não amamos realmente os nossos filhos. Se os amássemos daríamos atenção a muitas coisas — sua alimentação, a espécie de mestre e a espécie de escola que lhes convém; e todos estaríamos muito interessados no problema mais importante: qual a finalidade da educação, se os que estão sendo educados estão destinados a viver de armas na mão, a tornar-se advogados, policiais — fatores de destruição? São estes os que perpetuam as guerras. Por conseguinte, educamos os nossos filhos para morrerem. Este problema, pois, tem de ser atendido, mas não apenas verbalmente; e não é a mim que compete dizer como fazê-lo, como manter uma escola com poucos professores. O problema é vosso, como pais, que sois, mas infelizmente não estais interessados nele. E assim o professor, a entidade mal paga, desprezada, e a menos inteligente, é que tem a mais grave responsabilidade, numa sociedade. Tudo isso já ouvistes dizer antes; jamais porém, agistes a seu respeito, porque em verdade não estais interessados nos vossos filhos, nem estais verdadeiramente interessados no problema da liberdade para os vossos filhos. Assim sendo, enquanto não assumirdes a responsabilidade, como pais, e enquanto não cuidardes de pôr em prática estas coisas, nenhum governo as porá em prática para vós, O governo só sabe condicionar os jovens, para torná-los mais e mais eficientes, seja para movimentar as indústrias, seja para se alistarem no exército. A questão, pois, não é de como se ter menos mestres numa escola, mas, sim, de como fazer nascer em nossas relações uma inteligência não limitada, não temerosa, mas real mente revolucionária, criadora.
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