terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Levando a Mensagem

Krishnamurti - 8 de fevereiro de 1953 – Palestra em Bombaim
Do livro: Autoconhecimento – base da Sabedoria

Pergunta: Possuis uma técnica que eu possa aprender de vós, de modo que eu também possa levar a vossa mensagem aos sofredores e aflitos?

Krishnamurti: Senhor, que entendeis por “levar uma mensagem?” Entendeis repetição de palavras – propaganda? A propaganda, por sua própria natureza, é um meio de condicionar a mente. Qualquer espécie de propaganda – a propaganda comunista, a propaganda religiosa, etc. — visa condicionar a mente, não é verdade?

Se aprenderdes uma “técnica” (como o chamais), um método, se o decorais e repetis, sereis um bom propagandista; se sois arguto, hábil, eloqüente, condicionareis os vossos ouvintes de uma maneira nova, em substituição da antiga; mas isso será ainda condicionamento, ainda limitado. E tal é o nosso problema, não é verdade?

Os problemas surgem porque estamos condicionados. Nossa educação nos condiciona. É possível ser a mente livre de condicionamento? Esse estado tem de ser descoberto. Não se pode dizer que ele é possível ou impossível. Quando perguntais “possuis uma técnica?” Que entendeis? Talvez entendais um método, um sistema para aprenderdes como um colegial e para repetirdes. Ora, Senhor, o problema é algo muito mais fundamental, e radicalmente diferente, não achais? Não há técnica que aprender. Não necessitais levar a minha mensagem; o que deveis levar é a vossa mensagem, Senhores, e não a minha.

Esta existência de sofrimento e confusão é o vosso problema. Se o compreenderdes, se puderdes compreender a experiência de uma mente condicionada, e passar além, sereis vós então quem ensina; não haverá então mestre, e não haverá discípulo. Mas, tendes de compreender a vós mesmos, e não de aprender a minha técnica ou levar a minha mensagem. Senhor, o que importa é que se compreenda que este é o nosso mundo; que juntos podemos construir este mundo: juntos e felizes; que nós, vós e eu, estamos em relação um com o outro; que o que fazeis e o que eu faço, interiormente, é de grande significação; que a maneira como pensamos é importante; e que o pensamento, que é sempre condicionado, não resolverá o nosso problema. O que resolverá o nosso problema é a compreensão das tendências do nosso pensar. No momento em que compreendermos a maneira como pensamos, dar-se-á uma radical transformação, interiormente não seremos mais hinduístas, cristãos, comunistas, socialistas ou capitalistas; seremos entes humanos, entes humanos dotados de sentimentos, de amor, de consideração. Isso não resulta meramente de se aprender uma técnica ou de se levar a mensagem de outro homem.

Não se pode adquirir amor mediante o emprego de uma técnica. Pode-se adquirir sensação, por meio de uma técnica; essa coisa, porém não é amor. O amor é algo que se não pode ensinar, que se não pode difundir por meio dos jornais, de técnicas, de propaganda. Ele tem de ser sentido e tem de ser compreendido. Mas se repetis “amor, amor, amor”, isso não tem sentido nenhum. Tereis conhecimento desse amor, quando vossa mente for tranqüila, quando estiver livre do seu condicionamento, das suas ansiedades, dos seus temores. E esse amor é que é a verdadeira revolução, a qual alterará todo o processo do nosso ser.

Krishnamurti - 8 de fevereiro de 1953 – Palestra em Bombaim
Do livro: Autoconhecimento – base da Sabedoria


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