Associais o amor à mulher ou ao homem, associais o amor ao sexo? Vós o fazeis, por certo, porque negaste a beleza; todos os vossos santos negaram a beleza. E a beleza está associada à mulher. Assim, dissestes: “Fora com o sentimento!” — e ficastes cultivando uma personalidade áspera, um “eu” rude, negador da beleza. Já observastes a rua em que morais, a maneira como viveis em vossas casas, vossa maneira de sentar, vossa maneira de falar? E, também, já observastes os santos que cultuais? Para eles, paixão significa “sexo”, portanto negam a paixão, negam a beleza — “negam-nas” neste sentido: afastam-nas para o lado. Assim, junto com a sensação, jogastes fora o amor, porque, dizeis: “A sensação fará de mim um prisioneiro, um escravo do desejo sexual; por conseguinte, tenho de extirpá-la”. Dessa maneira, tornastes o sexo um problema imenso. O sexo é problema para todos vós; e todos os vossos deuses, aos quais desejais unir-vos, vos mandam ser sem sentimento, nunca olhar para uma mulher, nunca olhar para um homem, nunca olhar para uma árvore, para o rio, para as belezas da Terra. Bem, o amor é um sentimento? Depois de compreenderdes o sentimento, completa e não parcialmente, depois de o compreenderdes realmente, em sua totalidade, sabereis o que é o amor. Quando puderdes ver a beleza da árvore, quando puderdes ver a beleza de um sorriso, quando puderdes ver o Sol a deitar-se atrás dos muros da cidade — ver totalmente — sabereis então o que é o amor.
Krishnamurti
Do livro: A Mutação Interior – Cultrix- página 94 e 95
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