terça-feira, 9 de julho de 2013

O homem ambicioso está destruindo a si próprio

Pergunta: É verdade que a sociedade está baseada na cobiça e na ambição; mas, se não tivéssemos ambição, não nos deterioraríamos?

Krishnamurti: Esta é, em verdade, um pergunta muito importante, que requer toda a atenção.

Vocês sabem o que é atenção? Vejamos. Quando, durante uma aula, vocês olham pela janela ou puxam os cabelos de um companheiro, o mestre lhes manda “prestar atenção”. E o que significa isso? Que não lhes interessa o que estão escutando e, por conseguinte, o mestre lhes obriga a prestar atenção. Mas isso, de modo nenhuma é atenção. Há atenção quando vocês sentem profundo interesse por uma coisa, porque, então, procuram, com amor, descobrir tudo o que a ela diz respeito; então, a mente inteira de vocês, todo o ser, está presente. Analogamente, no momento em que percebem que esta pergunta — se não tivéssemos ambição, não nos deterioraríamos? — é realmente muito importante, ficam interessados e desejam descobrir a verdade a esse respeito.

Ora, o homem ambicioso não está destruindo a si próprio? Isso é que precisa se averiguar em primeiro lugar, e não perguntar se a ambição é “certa” ou “errada”. Olhem ao redor de vocês, observem as pessoas que são ambiciosas. O que acontece quando vocês são ambiciosos? Só pensam em si mesmos, não é verdade? São cruéis, empurram os outros para o lado, porque estão procurando preencher a ambição de vocês, procurando se tornarem “homens importantes”, e criando, assim, na sociedade, o conflito entre os que estão tendo êxito e os que estão ficando para trás. É uma batalha constante entre vocês e os outros, que também desejam o que vocês desejam; e pode esse conflito produzir um viver criador? Compreendem, ou isso está muito difícil?

Vocês são ambiciosos quando gostam de fazer uma coisa por amor a ela própria? Quando estão fazendo alguma coisa com todo o ser de vocês, não pode desejarem chegar a alguma parte ou obter alguma vantagem, porém, simplesmente, por gostarem de fazê-la — aí não há ambição, há? Não há então competição; não estão lutando contra ninguém pelo primeiro lugar. E não deve a educação lhes ajudar a descobrir o que realmente gostam de fazer, de modo que, do começo ao fim de suas vidas, estejam trabalhando em algo que sintam ser valioso e ter, para vocês, profunda significação? Do contrário, serão, até o fim de seus dias, seres dignos de lástima. Quando não sabem o que gostam de fazer, suas mentes caem numa rotina, em que só se encontra tédio, decomposição e morte. Eis por que é tão importante descobrirem, enquanto jovens, o que gostam de fazer. Esta é, realmente, a única maneira de criar uma nova sociedade. Krishnamurti — A Cultura e o Problema Humano

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