quarta-feira, 3 de julho de 2013

A beleza que transcende o pensamento e o sentimento

Não há criação quando não há amor. Para nós, o amor é uma coisa estranha. Vocês dividiram o amor em paixão, concupiscência, amor carnal e amor divino, amor da família, amor da pátria, e continuam por aí além a dividi-lo e tornar a dividir. E na divisão, há contradição, conflito e sofrimento.

O amor, para a maioria de nós, é paixão, concupiscência; e neste próprio processo de identificação com outro há contradição, conflito, e o começo do sofrimento. E, para nós, o amor se extingue. O fumo (criado por esse processo) — o ciúme, o ódio, a inveja, a cobiça — destrói a chama. Mas onde está o amor, aí está a beleza e a paixão. Vocês devem ter paixão, mas não a traduzam prontamente esta palavra em “paixão sexual”. Por “paixão” entendo a “paixão de intensidade”, essa energia que prontamente percebe as coisas, claramente, ardentemente. Sem paixão, não há austeridade. A austeridade não é mera renúncia, nem o possuir restrito, ou autocontrole, pois tudo isso é sem importância, insignificante. A austeridade vem com o desprendimento, e no desprendimento, há paixão e, por conseguinte, beleza. Não a beleza criada pelo homem; não a beleza artística, embora eu não queira dizer que aí não haja beleza. Mas refiro-me a uma beleza que transcende o pensamento e o sentimento. E esta só pode surgir quando há alta sensibilidade intelectual, bem como corpórea e mental. E não pode haver sensibilidade dessa natureza e qualidade quando não há completo desprendimento, quando o intelecto não está se abandonando inteiramente à totalidade daquilo que a mente percebe. Por que só com esse abandono há paixão. 

Krishnamurti - Paris, 24 de setembro de 1961

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