A realidade, a verdade não pode ser reconhecida. Para que a verdade se manifeste, devem desaparecer a crença, os conhecimentos, a experiência, a persecução da virtude que é muito diferente de ser virtuoso. A pessoa virtuosa, consciente de que persegue a virtude, jamais pode encontrar a realidade. Pode ser uma pessoa muito descente; essa pessoa é completamente distinta do homem que pertence a verdade, do homem que compreende. Para esse homem, a verdade se manifestou. Um homem consciente de ser virtuoso e, portanto, de ser justo, jamais pode compreender o que é a verdade, porque a virtude é para ele a cobertura do "eu", o fortalecimento do "eu", dado que está perseguindo a virtude.
Quando diz: "Devo viver sem inveja", o estado no qual é não invejoso e que ele experimenta, fortalece o "eu". Por isso é tão importante ser pobre, não só nas coisas do mundo, senão também em crença e conhecimento. Um homem rico em riquezas mundanas, ou o homem rico em crenças e conhecimentos, jamais conhecerá nada, senão obscuridade, e será centro de todo dano e de toda controvérsia.
Porém, se você e quem lhe fala, como indivíduos, pordemos ver todo este funcionamento do "eu", saberemos o que é amor. Lhe asseguro que essa é a única reforma que pode transformar o mundo. O amor não é o "eu"; o "eu" não pode conhecer o amor.
Se diz "eu amo", então, no próprio dizer, no próprio experimentá-lo, está ausente o amor. Quando amamos, o "eu" está ausente.
Onde existe o amor, não existe o "eu".
Krishnamurti - O Livro da Vida