sábado, 3 de dezembro de 2011

Não confunda Krishnamurti com os "Augus"

Alsibar: Krishnamurti não é um autoproclamado guru ( augu)

Será que Krishnamurti e os “autoploclamados gurus” são a mesma coisa? Será que muita gente não está confundindo as coisas? O que diferencia K. dos gurus? O que K. realmente representou para a humanidade? Vamos fazer uma reflexão juntos e tentar descobrir as respostas? Você é meu convidado nessa viagem, vem comigo!

Nesses dias de “augus” (auto-proclamados gurus) percebe-se uma poluição informações “espirituais” e pseudo-sabedorias. Na minha adolescência, não havia muito deste fenômeno. Havia poucos gurus. Dava pra se contar nos dedos. Nessa época achávamos que todos eram iluminados. O da cabeleira black power, considerávamos um Avatar. O dos noventa rolls-royce, um iluminado. E o russo bigodudo- um verdadeiro mestre. E assim por diante. Mas o senhor Tempo e sua esposa História, trataram de mostrar-nos que não era bem assim. Vieram os escândalos e as quedas. E com elas caíram as máscaras e cada um mostrou sua verdadeira face. Hoje, muitos continuam acreditando que é tudo a mesma coisa. Mas o contexto é outro. Ou seja, na nossa época, acreditávamos nos “augus” porque não havia fatos que desabonassem suas pretensas “iluminação”. Hoje, é diferente. Tem a Internet. Tem informações com imagens e vídeos. Temos acesso a versões da história que contrariam as oficiais. Isso, deveria, no mínimo, nos levar a uma reflexão séria e imparcial. Mas não damos nenhuma chance ao contraditório. Muitos preferem continuar cegos. Aí, já é problema de cada um. Como diz o sábio provérbio popular: o pior cego é aquele que não quer ver.

Em meio a esta profusão caótica de sabedoria descartável estampada em blogs, sites, redes sociais, chats, livros etc. Sobressai-se uma voz. Ele não era um “augu”. Ele não se autoproclamou guru. Pelo contrário, teve toda chance para sê-lo mas rejeitou tudo: dinheiro, bajulação e poder. Durante sua conturbada infância, fora educado (ou teria sido condicionado?) a acreditar que seria o veículo de um grande Mestre. Talvez de Buda, Cristo, ou Maytréia — como costumavam chamar. Para isso — diziam — teria nascido e para esta nobre missão deveria ser preparado. Fôra criado uma poderosa organização em torno desse “movimento messiânico europeu”: a Ordem da Estrela do Oriente. Uma rica organização composta pela alta sociedade européia. A organização possuía propriedades caras, castelos, pessoas dispostas a dar a vida pela causa do novo messias. Os anos se passaram. E aquele rapaz mostrava-se cada vez mais incomodado com a aquela situação. Até que um dia, em que todos esperavam um discurso memorável e solene de afirmação e confirmação do seu “messianato”, algo aconteceu, quebrando todas expectativas e decepcionando a todos os discípulos. Aquele jovem indiano fizeram um discurso enérgico e contundente, rejeitando o título de messias e desfazendo a organização criada em torno de seu nome. Ele abriu mão de milhares de seguidores, terras e propriedades.

O exemplo de Jiddu Krishnamurti seria raro nos dias de hoje. Hoje em dia, muitos querem ser gurus, mestres e iluminados. Mas K. provou não ser mais um dentre os outros. Sua força e presença e sabedoria foram tantas que muitos “augus” o plagiaram. E por isso a razão das “semelhanças”. Mas elas param por aí. K. nunca se autoproclamou nada. Nunca se disse ser nada. Mas o pior é que muitos não percebem a diferença. Krishnamurti não tem nada ver com esta onda de gurus. Pelo contrário, lutou toda uma vida contra eles. Contra a autoridade todo tipo de autoridade espiritual, seja dos “mestres”, dos livros, das tradições ou das organizações. Mas, infelizmente, hoje muitos insistem em colocá-lo lado a lado com os “augus”. Seria intencional, ou por ingenuidade mesmo? Há, inclusive, vídeos em que um dos “augus” mais populares, superficiais e plagiadores está lado a lado de K. Como se fossem a “mesma coisa”. Não são. E para que não haja dúvidas. Traçaremos um quadro geral comparativo entre os Augus e o “ anti-augu”, Krishnamurti.

Colocar Krishnamurti no mesmo patamar dos “augus” me parece incoerente, insensato e, talvez, ingênuo. É como se comparassem uma miragem de um oásis, com um real e verdadeiro oásis no deserto. É como se comparasse um sonho com uma experiência real. Uma realidade virtual, com a verdadeira realidade. Um veneno, com o antídoto que cura os males do veneno. Os “augus” são uma espécie de veneno espiritual. Krishnamurti é uma espécie de remédio contra este mal. Como podem ser a mesma coisa? Inri Cristo e Jesus Cristo são “a mesma coisa”? A noite e o dia são “a mesma coisa”? Uma cobra é a mesma coisa que um “peixe”? Alguns peixes podem até parecer com cobras, mas cobras não são peixes. Nem tudo o que parece é a mesma coisa. Açúcar e sal parecem a mesma coisa. Mas são completamente diferentes. Temos que provar o gosto pra saber o quê é o quê. Assim também, acontece com Krishnamurti e os “augus”. Não são a mesma coisa. E vou provar porquê.

Começando pela própria história de vida. Enquanto os “augus” alcançaram sua sabedoria através de leituras ou porque conviveram com algum pretenso “iluminado” a sabedoria de Krishnamurti era inata. Nunca leu os livros sagrados ou filosofia. É sabido, segundo suas próprias palavras que ele gostava de ler livros de detetive e a Bíblia, para “aprimorar a linguagem”. De onde vinha sua sabedoria? Tinha nascido com ele? Fluía através dele? Ou ele a captava como um “insight”? Ninguém sabe ao certo. O fato é que pouquíssimos falaram como ele. E muitos dos que aí estão usam suas palavras conforme a conveniência e utilidade das mesmas. Mas só usam o que possa lhes trazer alguma vantagem ou lucro. O que não lhe é conveniente, ou pode ser “embaraçoso”, é descartado.

Um dos pontos que mais diferem Krishnamurti dos “augus” é que os autoproclamados gurus adoram seguidores. Estão sempre tentando fazer uma organização, um movimento, algo em que eles possam ser o centro, o líder, o chefe. K. teve tudo isso sem precisar fazer nenhum esforço. Mas teve coragem de abrir mão de tudo isso, em prol da Verdade. E a verdade é que todos devem ser livres. Absolutamente livres. E como ser livres se seguimos? Como ser livres se bajulamos aquele “que diz que sabe”? Como ser livre se nos comprometemos com um ideal, uma organização, um movimento, uma crença, uma causa? Não há liberdade se realmente não rejeitarmos todas essas coisas.

As palavras dos “augus” são sempre de conforto, de paz e alegria. Em geral nos dizem que “não precisamos fazer nada pois já somos deuses, budas, iluminados”. Será mesmo que somos? Então porque tanto caos? Então porque tanta miséria? Então porque tanta ilusão dor e sofrimento? As palavras de K. não eram confortadoras. Eram duras e difíceis de aceitar. Por isso muitos o rejeitaram e rejeitam ainda hoje. Preferem dizer “ Ah, K. é complicado demais! Gosto de coisas mais simples. É muita filosofia, muito rodeio, muita teoria!” E é exatamente o contrário. K. é simples, extremamente simples. Tão simples que nossa complexa mente, não conseguindo entendê-lo ou aceitá-lo, prefere descartá-lo sob o pretexto da complexidade.

Talvez o “problema”, esteja no conteúdo de seus ensinamentos. K. não fala como os “augus”. Ele não lhe conforta, não lhe mima, não lhe seduz ou ilude com palavras como: “ você é deus!”. Não. Ele diz: “conhece-te a ti mesmo”. Ele não diz: somos o “Eterno EU SOU”. Ele diz: “somos conflitos, desejos, memórias, esperanças e pensamentos”. Ou seja, somos o EGO, o “eu-inferior” e não o “EU, o Átman, o EU Superior”- como muitos gostam de afirmar por aí. Ora, a lógica é simples: quando o EGO se autoproclama o “EU SOU” a desordem e a ilusão se instalam no espírito do sujeito. K. não floria ou enfeitava seu discurso para impressionar. Ele era o que era. Falava o que era necessário, importante e verdadeiro, sem nenhuma outra intenção por trás. Ora, K. nunca quis o poder. Isso ele tinha e rejeitou. Um poder que é buscado e desejado por muitos “augus”. Como acreditar em alguém cujas palavras e ações visam o poder e a expansão de seus “negócios espirituais”? Além disso, K. não era complicado. Nós é que somos. K. não nos trouxe um novo dogma, ou algo mais para se crer ou defender. Ele nos deu a liberdade, a reflexão, a investigação, o descobrimento, a autonomia e a independência. Mostrou-nos e provou, que não precisamos seguir ninguém para alcançar o Eterno. O que contraria uma tradição muito presente na cultura hindú, a crença no “parampará”: que é a sucessão “autorizada” dos gurus. K. reviveu, nos tempos modernos, o espírito de Buda. O espírito da rebeldia. Não uma rebeldia irresponsável e inconsequente. Mas a rebeldia de todos aqueles que tiveram a coragem de desafiar o stablishment. Assim como Jesus e Buda, o fizeram na sua época, Krishnamurti abalou as crenças dominantes e denunciou suas falsidades, hipocrisia e perigos.

Krishnamurti não é apenas mais um em meio ao “guruísmo” que reina na sociedade atual. Ele é a negação de tudo isso que está aí. Ele é a libertação de todas nossa amarras psicológicas, mentais e espirituais. Ele não veio trazer novas amarras, novas crenças, novos deuses , organizações e livros sagrados. Ele não veio para acalentar nosso sono — que já é profundo e pesado. Ele veio para nos libertar de tudo isso. É como libertar alguém das drogas. É como acordar quem está em sono profundo. É como ressuscitar quem está quase morrendo. Ele é um tratamento de choque. É disso que a humanidade precisa. K. nos dá um choque, cutuca-nos para que acordemos de nosso confortável sono e sonhos. Enquanto os “augus” querem que você durma para tirar-lhe o dinheiro, a liberdade e a vida. Krishnamurti grita do outro lado para que você acorde e não se deixe levar pelo “canto da sereia”. Toda sua vida fora um esforço para acordá-lo, para alertá-lo contra as ilusões ao longo do caminho e contra os perigos que estão à espreita dos desavisados. K. não pode ser confundido com os “augus”. Do contrário, levaremos “gato por lebre”. E estaremos bebendo veneno como se fosse suco. E correremos um sério risco de rejeitar o único remédio que poderia nos acordar, nos libertar e curar-nos de todos os nossos males: o autoconhecimento e a meditação.

Que esta mensagem sirva como alerta a todos que estão “ao longo do caminho” procurando pela Luz Verdadeira e Eterna. Não creia em nada, não siga nada, não aceite nada , sem antes investigar, experimentar e descobrir. Não ache que a sensação de paz e conforto, ou palavras bonitas e supostamente profundas, signifiquem muita coisa. Não venda seu espírito. Não venda sua alma. Mantenha-se sempre sóbrio, lúcido e livre. Desenvolva sua sabedoria. Busque autoconhecer-se em primeiro lugar. Ao encontrardes a Luz em ti mesmo, poderás ver a Luz do outro. Do contrário não poderás descobrir a Verdadeira Luz e Sabedoria. Até lá mantenha-se como um arqueólogo “explorador de tesouros”. Alguém que nada sabe, mas quer descobrir, e para isso, tem que se manter esperto, alerta, imparcial e aberto a tudo. Sem nunca fechar-se em nada. Sem nunca dizer “eu achei, eu descobri!”. Não há limites para as descobertas e o aprendizado. Siga seu caminho só! Seja livre de tudo o que o prende psicológica e espiritualmente falando. Não queira ser nada além do que é. Não busque mais “experiências prazerosas e confortadoras” — principalmente as espirituais que embotam e insensibilizam a mente. O que nos fará dormir mais ainda. Não desejes a expansão da consciência. Não busques o êxtase e a bem-aventurança como um resultado de esforços, técnicas, buscas e desejos.

Apenas na paz, na liberdade, na tranquilidade, no autoconhecimento e na meditação, alguém poderá perceber algo além do caos e da confusão em que se vive. O que vem depois não pode ser nomeado. Não pode ser dito. Não pode ser dado, transferido, nem muito menos vendido. Este é o espírito de Krishnamurti. Ele é o antídoto para o veneno da ilusão. Ele é o choque que nos leva ao verdadeiro despertar. Os “augus” são as drogas, o sonífero, a ilusão, o dormir. Mas, ninguém precisa acreditar ou aceitar nada do que eu digo. Busque sempre. Procure sempre. Duvide sempre. Reflita sempre. Mas se depois disso tudo você achar que estou errado. Fique à vontade. Siga o seu caminho. O livre arbítrio é direito divino inviolável. Escolha o “caminho” que quiser seguir. Só não diga depois que não sabia, ou que ninguém o avisou.

Muita Paz, Luz e Sabedoria a todos!
Obrigado!
Alsibar ( inspirado)

Participe do nosso grupo no Facebook

Participe do nosso grupo no Facebook
Grupo Jiddu Krishnamurti
Related Posts with Thumbnails

Vídeos para nossa luz interior

This div will be replaced