domingo, 1 de janeiro de 2012

Como despertar a própria mente?

Como despertar a própria mente? Eis o problema. Como saberão se, se conservam inteiramente vivos interna e externamente, vivos nos seus sentimentos, no fruir o deleite de viver? (...) Há apenas duas maneiras de consegui-lo: ou existe alguma coisa dentro de nós que, de tão premente, destrói as contradições, ou teremos de achar um meio de manter-nos em contínua observação e, assim, nos cientificarmos de todos os nossos atos e ações; uma constante indagação de como criarmos, interiormente, uma nova capacidade para destruir qualquer obstáculo.

(...) Para fazer cessar um pensamento, cabe-me primeiro penetrar no mecanismo do pensar. Tenho de compreender completamente e em profundidade o pensamento. Cumpre-me examinar cada pensamento, não deixando escapar um só sem tê-lo compreendido, de maneira que o cérebro, a mente, todo o meu ser deva manter-se bem atento. Se eu acompanhar cada pensamento até a raiz, até a exaustão, verei que ele se dilui por si só. Nada tenho a fazer nesse sentido, pois o pensamento é memória. A memória é a marca deixada pela experiência, e enquanto esta não for entendida inteiramente, em sua totalidade, a marca permanecerá. Mas, quando sentimos por inteiro uma experiência ela não deixa vestígios. Deste modo, se eu acompanhar cada pensamento e verificar onde se encontra a marca, onde ela perdura como um fato - o fato se revelará, e terminará aquele processo individual de pensar; desse modo todo o pensamento e todo o sentimento é compreendido. E o cérebro e a mente vão-se libertando de uma porção de lembranças. Isto requer acentuada atenção, não só a atenção dada às árvores, aos pássaros, como ainda atenção interior também, necessária à compreensão de cada pensamento (...)

Para aprenderem a meditar, devem observar a atividade da vossa mente. Têm de observá-la, tal como observam uma lagartixa a avançar ao longo da parede. Percebem as suas quatro patas aderidas à parede, e, nesse observar, percebem-lhe todos os movimentos. Do mesmo modo, observem o movimento do próprio pensar. Não tentem corrigi-lo nem controlá-lo. Não digam: "Isso é por demais difícil". Apenas observem; agora - não amanhã. Em primeiro lugar, permaneçam serenos. Sentem-se comodamente, ou cruzem as pernas, mantenham-se imóveis e fechem os olhos, procurando evitar que se movam. Entenderam? Os glóbulos oculares tendem sempre a mover-se: conservem-nos quietos como por brincadeira. Então, nesse estado de quietude, reparem o que faz o pensamento. Observem-no, da mesma maneira como observam a lagartixa. Atentem para o curso dos pensamentos, um atrás do outro. Assim se começa a aprender, a observar. Observarão os seus pensamentos, vendo a forma como um sucede ao outro, enquanto o próprio pensar vai dizendo: "Este pensamento é bom, este é mau”? À noite, ao deitar, ou quando passeiam, observem o vosso pensamento. Observem apenas, não o corrijam; desse modo, começarão a aprender a meditar. Agora, fiquem sentados tranquilos. Fechem os olhos e procurem impedir o movimento dos glóbulos oculares. Em seguida observem seus pensamentos a fim de aprenderem. O aprender, uma vez iniciado, não tem fim. (...)

Esta sensibilidade, esta emoção os tornará atentos ao que vão fazer. Se houver um intervalo antes de sua reação, e vocês observarem as coisas - se forem sensíveis ao que ocorre - então, nesse intervalo, surgirá a compreensão. Propiciem esse intervalo e, durante esse tempo, comece a observar. Se estiverem integralmente conscientes do problema, dar-se-á uma ação instantânea e essa será a ação correta da inteligência. (...)

Percebam a beleza da terra, das árvores, da cor, das sombras, da profundidade, da luz, do gracioso balançar das árvores; observem os pássaros, conscientizem-se, pesquisem, inteirem-se de si próprios, de como reagem em relação aos seus amigos – e tudo isso traz compreensão. (...)

A imposição exterior de uma disciplina embrutece a mente, faz com que a pessoa se conforme, se torne imitativa. Porém se a própria pessoa se disciplinar, observando, ouvindo, sendo atenciosa, cuidadosa – desse zelo, desse ouvir, dessa consideração para com outrem nasce a ordem. E onde há ordem, há sempre liberdade.

Krishnamurti

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