quinta-feira, 8 de março de 2012

Energia

O fazer qualquer coisa, por mais insignificante que seja, requer energia, não é verdade? O levantar-se e sair deste pavilhão, o pensar, o comer, o conduzir um carro - toda espécie de ação exige energia. E com a maioria de nós acontece que, quando estamos fazendo alguma coisa, há uma forma de resistência que dissipa energia - a não ser que o que porventura estamos fazendo nos proporcione prazer, caso em que não há conflito, não há resistência na continuidade da energia.

Como disse antes, precisamos de energia, para estarmos completamente atentos, e nessa energia não há resistência,  uma vez que não há distração. Mas, no momento em que surge uma distração - no momento em que desejais concentrar-vos numa coisa e ao mesmo tempo olhar pela janela - há uma resistência , um conflito. Ora, o olhar pela janela é tão importante como o olhar para qualquer outra coisa - e uma vez percebeis essa verdade, não haverá então distração, nem conflito.

Para terdes energia física, deveis naturalmente tomar alimentos adequados, te a justa proporção de repouso, etc. Isto é coisa que vós mesmo podeis experimentar e não há necessidade de discutirmos a esse respeito. Mas há também a energia psicológica, a qual se dissipa de várias maneiras. Para ter essa energia psicológica, a mente busca estímulos. Frequentar a igreja, assistir a partidas de futebol, entregar-se à literatura, ouvi música, assistir a reuniões do gênero desta aqui - todas essa coisas vos estimulam; e se o que desejais e ser estimulado, isso significa que, psicologicamente, sois dependente. A busca de estímulo, em qualquer forma que seja, implica dependência de alguma coisa - de uma bebida, uma droga, um orador, ou de entrar numa igreja; e, por certo, a dependência de estímulo não apenas embota a mente, mas também ocasiona dissipação da energia. Assim, para conservarmos nossa energia, deve desaparecer toda espécie de dependência ou de estímulo; e, para ocorrer o desaparecimento da dependência, precisamos tornar-nos cônscios dela. Se, para ter estímulo, uma pessoa depende de sua mulher ou de seu marido, de um livro, de seu cargo no escritório, de ir ao cinema - qualquer que seja o gênero de estímulo - deve em primeiro lugar, estar cônscia disso. O aceitar simplesmente os estímulos e com eles viver, dissipa energia e deteriora a mente. Mas, se a pessoa se torna cônscia dos estímulos e descobre o significado que tem em sua vida, dessa maneira poderá ficar livre deles. Pelo auto-percebimento - que não é auto-condenação, etc, porém estar simplesmente cônscio, sem escolha, de si próprio - pode um homem conhecer todas as formas de influência, todas as formas de dependência, todas as formas de estímulo; e esse próprio movimento da ação de aprender dá-lhe a energia necessária para libertar-se de todas as dependências e de todos os estímulos.

Krishnamurti - A mente sem medo


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