Podemos nos tornar mais refinados, sutis, detalhistas, mudar nossos prazeres, mas no centro de tudo isso, existe o "eu" – o “eu", que está desfrutando, e que quer mais felicidade, o "eu", que procura, anseia ardentemente a felicidade, o “eu", que luta, o “eu", que se torna mais e mais refinado, que nunca quer chegar a um fim. É apenas quando o "eu", em todas as formas sutis chega ao fim de que existe um estado de êxtase, que depois não pode ser procurado, um êxtase, uma verdadeira alegria, sem dor, sem corrupção... Quando a mente vai além do pensamento, do "eu", do experimentador, do observador, do pensador, então existe a possibilidade de uma felicidade que é incorruptível. Essa felicidade não pode ser permanente, no sentido em que nós usamos essa palavra. Mas, a nossa mente está buscando uma felicidade permanente, algo que vá durar, que vá continuar. Esse desejo de continuidade é corrupção. Se pudermos entender o processo da vida, sem condenar, sem dizer que é certo ou errado, então eu penso, que vem a felicidade criadora que não está no "eu" ou no "meu”. Esta felicidade criadora é como a luz do sol. Se você quiser manter o sol para si mesmo, ele não se mantém por muito tempo dando vida e calor. Da mesma forma, se desejar felicidade porque está sofrendo, ou porque perdeu alguém, ou porque não é bem sucedido, então isso é apenas uma reação. Mas, quando a mente pode ir mais além, existe uma felicidade que não é da mente”.
Autor: Krishnamurti - O Livro da Vida