O homem é autoridade absoluta para si mesmo; o homem é o seu próprio senhor, não é tributário das circunstâncias exteriores. Ele , por suas próprias tristezas, pelas suas complicações, pelos seus desentendimentos, faz parte do mundo, e o mundo que o rodeia é sua expressão.
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Para onde quer que vocês se dirijam, verificarão que as pessoas buscam a felicidade que é permanente, durável e eterna. São, porém, colhidas como peixe na rede — rede má — das coisas transitórias que as rodeiam, pelos aborrecimentos, pelas atrações, antipatias, ódios, despeitos, por todas essas mesquinhas coisas que ligam o homem. É como se estivéssemos num jardim onde há muitas flores. Cada flor se esforça por expandir-se, por viver e proporcionar seu aroma, mostrar sua beleza, seus desejos, por evidenciar ao mundo seu pleno crescimento. Durante o processo de desabrochar, de conquistar, de expandir-se, perde-se o homem no que é exterior. Surge daí a complicação e ele têm de distinguir desde o começo o que é essencial do que o não é.
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Como vocês podem compreender o ambiente? Como podem entender o pleno significado e merecimento? O que é que lhes impede de ver seu significado? O medo. O medo é a causa da busca de proteção ou segurança, segurança que ou é física ou espiritual, religiosa ou emocional. Enquanto existir esta busca, tem de haver medo, o qual então cria a barreira entre a mente de vocês e o ambiente e, por esse modo, cria um conflito; e esse conflito, vocês não podem dissolver, enquanto somente se preocuparem com o ajustamento, a modificação, e jamais com a descoberta da causa fundamental do medo.
Assim, pois, onde houver esta busca de segurança, de certeza, de uma meta impedindo o pensar criador, tem de haver o ajustamento chamado disciplina de si própria, que nada mais é que compulsão, a imitação de um padrão. Ao passo que, quando a mente vê que não existe tal segurança no ajuntamento de coisas ou de conhecimentos, então a mente liberta-se do medo, e portanto a mente é inteligência, e aquilo que é inteligência não se disciplina a si mesmo. Só há própria disciplina, onde não há inteligência. Onde há inteligência, há entendimento liberto da influência do controle e do domínio.
Krishnamurti — O medo – 1946 — Coletânea ICK