A descoberta da verdade eterna está sempre frente à vocês.
Se não tiverem acendido dentro de vocês a chama do interesse pela libertação, não poderão criar com grandeza, somente estarão brincando nas sombras do transitório.
É neste mundo que existe o transitório e a transitoriedade só existe, enquanto houver o eu-consciência. Não lhes é dado transferir a consciência, deste mundo para outro plano e esperar que ela se torne uma consciência diferente.
Consciência é consciência, onde quer que seja — não há alto nem baixo.
Somente no presente está todo o universo. O universo inteiro está nessa centelha, que é completa em cada um de nós, e a realização dessa plenitude liberta o homem de toda a tristeza, de todos os opostos e da ideia de dualidade.
Há algo permanente na resistência? Vemos que a resistência pode perpetuar-se por meio da aquisição, da ignorância, por meio da consciente ou inconsciente ansiedade de experiência. Mas, certamente, esta continuação não é eterna, ela é apenas a perpetuação do conflito.
O que chamamos permanente, na resistência, é apenas parte da própria resistência, e, portanto, parte do conflito. Assim, em si mesma, não é o eterno, o permanente.
Onde há falta de plenitude, de preenchimento, há ansiedade de continuação, que cria a resistência, e esta resistência dá a si mesma a qualidade de permanência.
Aquilo que a mente se agarra como sendo o permanente é, em sua própria essência, o transitório. É o produto da ignorância, do medo e da ansiedade.
Se vocês forem capazes de perceber o atual, sem nenhum desejo ou identificação, então, nessa mesma percepção do falso está o começo do verdadeiro. Isto é inteligência, que não se baseia no preconceito, na tradição, no desejo; a única que pode dissipar a essência sutil de todos os problemas, espontaneamente, ricamente, e sem a compulsão do medo.
Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK